A marcha oposicionista exigiu que se “investigue, informe e castigue” o presidente e demais membros do governo

Milhares de manifestantes tomaram as ruas da capital do Haiti, Porto Príncipe, no domingo (10)  para protestar contra a corrupção e exigir a renúncia do presidente Jovenel Moise. A desmedida repressão policial deixou pelo menos dois mortos e cinco feridos.

No momento em que os populares se dirigiam até o Campo de Marte, a principal praça pública da cidade, onde está localizada a sede da Presidência, a policia foi acionada, lançando bombas de gás lacrimogêneo e abrindo fogo para dispersar a multidão. Em resposta ao sangue derramado, estradas e rodovias foram bloqueadas com pneus e pedras, e vários veículos foram incendiados.

A marcha oposicionista exigiu que se “investigue, informe e castigue” o presidente e demais membros do governo responsáveis pelo criminoso desvio de recursos dos fundos da iniciativa venezuelana PetroCaribe, de ajuda energética ao Haiti. Na mira dos manifestantes a empresa Agritrans, de propriedade do presidente Moise, apontada por irregularidades por uma auditoria realizada pelo Tribunal Superior de Contas e Litígios Administrativos (Cscca).

Com o aprofundamento da crise na Venezuela, os haitianos pararam de contar com o substantivo apoio petrolífero recebido, ficando à míngua na sobrevivência energética, reduzida ao fornecimento de eletricidade a umas poucas horas por dia.

Participaram da marcha reconhecidas lideranças representativas do chamado Setor Democrata e Popular, como o advogado Michel André, o ex-senador Steven Benoît e o porta-voz da organização Viv Ayiti, Rony Timothée, além de dirigentes sindicais e de organizações de direitos humanos e feministas.