Brasília, DF, 14ª Reunião do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI), no Ministério da Economia, bloco K NA FOTO: Ministro da Economia, Paulo Guedes FOTO: EDU ANDRADE/Ascom/ME

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (27) que o plano econômico do governo Bolsonaro é claro: “ Qual é o plano para os próximos 10 anos? Continuar com as privatizações. Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila”, disse Guedes, em um evento da International Chamber of Commerce (ICC) Brasil, ao avaliar que o governo não andou “no ritmo que gostaríamos” quanto à promessa de entregar ao capital financeiro e estrangeiro todas as empresas públicas – isto é – que pertencem ao povo brasileiro.

Guedes disse também que não desistiu de impor aos brasileiros o modelo falido da Previdência do Chile, chamado de capitalização. “Se você pergunta: o que você gostaria de fazer nos próximos 10 anos? Mudar o regime previdenciário para capitalização. O Brasil vai crescer 5% ao ano, em vez de crescer 2%, 3%”, disse ele, pontuando que a reforma já feita pelo governo Jair Bolsonaro foi razoável, mas não transformadora.

Criado na ditadura de Augusto Pinochet, o regime levou o país vizinho à convulsão social em 2019, por forçar os idosos que tiveram suas pensões e aposentadorias achatadas a, literalmente, morrer de tanto trabalhar. Também, tragicamente, este modelo fez com que muitos chilenos, sem terem mais condições de trabalhar, buscassem o caminho do suicídio para fugir da miséria. Este é o futuro sonhado por Guedes para os trabalhadores brasileiros.

Mercosul

O ministro da Economia de Bolsonaro atacou o país Argentino ao afirmar que ele deveria se retirar do Mercosul se estivesse “incomodado” com a proposta do governo brasileiro, que propõe que os membros do bloco possam fechar acordos comerciais de forma unilateral, quer dizer, sem o acordo dos demais integrantes do bloco.

“O Mercosul vai se modernizar e quem estiver incomodado que se retire”, disse o ministro. Além disso, Guedes propõe a redução drástica de 10% agora e mais 10% no ano seguinte na TEC (Tarifa Externa Comum), que regula a entrada de produtos extrazona com uma taxa média de 14%. Empresários e representantes da indústria são contrários à ambas propostas.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a IndustriALL-Brasil (sindicatos de trabalhadores da indústria), o posicionamento do governo brasileiro no Mercosul não leva em conta “os efeitos econômicos e sociais graves” que impactarão as indústrias locais. As entidades divulgaram nota conjunta na qual pedem a suspensão das propostas, “sem que tenha havido um projeto claro, consultas consistentes com representações dos segmentos industriais e dos trabalhadores ou avaliações de impacto bem fundamentadas”.

As entidades argumentam ainda que as medidas “aprofundariam o padrão de integração internacional do país baseado em produtos de baixo valor agregado e prejudicariam as cadeias na região que as empresas brasileiras estão mais inseridas, como em aço, máquinas, automotivo, fármacos, entre outras”.