Cena como essa de Phoenix, capital do Arizona, poderá se estender aos 50 capitólios estaduais.

O FBI emitiu um alerta de que grupos de extrema direita planejam manifestações armadas nas capitais dos Estados americanos para este fim de semana, numa correção do procedimento da semana anterior, quando não tomou maiores precauções frente à anunciada chegada a Washington de uma turba de fanáticos, o que resultou na invasão e vandalização do Congresso dos EUA. Nos estados as autoridades estão numa corrida contra o tempo para reforçar a segurança em prédios governamentais e evitar a repetição, nos 50 estados, das lamentáveis cenas presenciadas na semana passada em Washington.

O FBI, no mínimo, deve ter desta feita percebido as convocatórias nos esgotos digitais frequentados por supremacistas brancos, saudosistas confederados, nazistas, delirantes da seita QAnon, viciados em armas de grosso calibre, negacionistas da Covid, terraplanistas e fanáticos de outras matizes, chamando a “marchas armadas no Capitólio e nos 50 estados”.

Um cartaz reproduzido como denúncia pelo cineasta e escritor Michael Moore revela como esses extremistas pretendem arrastar, atrás de si, incautos: “Quando a democracia é destruída, recuse-se a ser silenciado”, conclamam.

Tentam se atribuir a obra dos “pais fundadores”, que há 200 anos lutaram “pelos direitos e liberdades desta nação”. “Não permita que os esforços deles sejam em vão. Exija liberdade. Acabe com a corrupção. Levante-se pela liberdade”.

Palavrório “elevado” que mal serve de folha de parreira à insanidade desses extremistas e racistas, cujas imagens na invasão do Congresso dos EUA na semana passada chocaram o mundo.

Na semana passada, em alguns estados, os fascistas já haviam mostrado as garras, em paralelo à invasão do Congresso em Washington. Na Geórgia, um dos estados decisivos para a vitória de Joe Biden, apoiadores armados de Trump apareceram do lado de fora do palácio do governo.

O secretário de Estado, Brad Raffensperger, que recusou a pressão de Trump para fraudar a eleição em favor dele, precisou ser escoltado pela polícia local.

Em Kentucky, no sábado, manifestantes armados cercaram o Capitólio estadual. Vestidos com roupas camufladas e carregando armas de assalto e algemas, prometeram continuar seguindo Trump e protestaram contra o governador democrata Andy Beshear e contra o líder republicano do Senado, Mitch McConnell.

Em Michigan, Estado em que o FBI desbaratou em outubro um complô para sequestrar a governadora democrata Gretchen Whitmer, um comitê legislativo estadual votou na quinta-feira para proibir o porte de armas dentro do Capitólio, em Lansing.

Em Wisconsin, funcionários do Estado começaram a tapar as janelas do Capitólio estadual na segunda, em antecipação aos manifestantes. No Arizona, autoridades mandaram erguer uma cerca de arame dupla ao redor do Capitólio estadual, em Phoenix.

No estado de Washington, na costa ocidental, o governador democrata Jay Inslee convocou 750 soldados da Guarda Nacional para ajudar a proteger o Capitólio. “Esperamos por ações pacíficas, mas se isso não acontecer, estaremos preparados”, disse em comunicado.

Na semana passada, um turba acossou a mansão do governador, no dia da invasão do Congresso na capital norte-americana. Um vídeo mostra um homem com um rifle de assalto e uma grande faca em frente à residência de Inslee, enquanto outros empunham bandeiras de Trump.

Na Califórnia, o governador Gavin Newsom anunciou “alerta máximo” diante dos protestos anunciados para Sacramento. A Guarda Nacional pode ser enviada se necessário, e a Patrulha Rodoviária da Califórnia será responsável por proteger o Capitólio local.