A greve dos petroleiros chega ao décimo dia e já atinge 92 unidades do Sistema Petrobrás – sendo 40 plataformas – em 13 estados de Norte a Sul do país. São cerca de 20 mil trabalhadores parados, no movimento que já está sendo considerado o mais forte da categoria desde 1995.
A greve é contra a decisão da direção da estatal de fechar a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR). A categoria reivindica a suspensão do programa de demissões de 396 trabalhadores da Fafen, previstas para terem início na próxima sexta-feira.
Considerando a cadeia produtiva da subsidiária da Petrobrás no interior paranaense, cerca de 3 mil trabalhadores da região serão afetados com o fechamento da fábrica.
Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), as demissões na unidade paranaense ferem a cláusula 26 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que determina que qualquer demissão em massa deve ser negociada previamente com os sindicatos, o que não aconteceu.
O movimento cresce, mesmo com a decisão do ministro Ives Gandra, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que na terça-feira (4) determinou que 90% dos efetivos sejam mantidos durante a paralisação sob pena de multa diária para as federações e os sindicatos estaduais.
Quanto à exigência de manutenção básica dos serviços à população, de máquinas e equipamentos, as entidades denunciam que a direção da empresa tem se negado a passar as informações de números de funcionários necessários para esse fim e se nega a negociar.
Ao invés disso, as entidades afirmam que a empresa tenta criminalizar o movimento e coloca em risco a segurança dos trabalhadores e das próprias unidades ao anunciar a contratação de “fura-greves”, funcionários aposentados e terceirizados.
Tentando minar o movimento, a direção descumpre medidas judiciais e a própria legislação, anunciando que está providenciando “a contratação imediata de pessoas e serviços, de forma emergencial, para garantir a continuidade operacional em suas unidades durante a greve”, denuncia a FUP.
Para tentar negociar com a empresa, diretores da FUP fazem plantão há nove dias na sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro, sem sucesso.
Diante da tentativa da empresa de expulsar os dirigentes sindicais, a juíza Najla Rodrigues Abbud, do Tribunal da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro, negou o interdito proibitório da Petrobrás.
“A permanência de 5 dirigentes em uma das salas do prédio da empresa, embora incômoda, não impede ou dificulta a continuidade do pleno funcionamento da Petrobrás, tampouco impede a livre movimentação de bens e pessoas”, diz a sentença da juíza.
Segundo o quadro nacional da greve divulgado pela FUP, até o momento a paralisação atinge todo o sistema da Petrobrás em 40 plataformas, 11 refinarias, 18 terminais, 7 campos terrestres, 5 termelétricas, 3 UTGC (processamento de gás), 1 usina de biocombustível, 1 fábrica de fertilizantes, 1 fábrica de lubrificantes, 1 usina de processamento de xisto, 1 complexo petroquímico e 3 bases administrativas em 13 estados.