Jair Bolsonaro

O governo Bolsonaro promete, a partir de março, fazer uma semana de anúncios diários de medidas para tentar recuperar sua imagem manchada pela má gestão na economia, pela sabotagem aos esforços para salvar vidas durante a pandemia e de não promover medidas para atenuar os impactos da pandemia no setor produtivo. Ao contrário, promoveu cortes no Orçamento para garantir a transferência de recursos públicos para pagar juros, reduziu os investimentos públicos ao menor patamar da história e deu aval para a disparada nos preços dos alimentos, dos combustíveis e da energia elétrica. O emprego e subdesemprego atingiram níveis recordes, a renda desabou 11,1% e a inflação e os juros estão acima de dois dígitos, entre os maiores do mundo.

A maior expressão desse desastre foram os brasileiros nas filas de açougues por doação de “ossinhos” ou revirando caçambas nos supermercados em busca de ter algo para comer. O Brasil voltou ao mapa da fome com cerca 20 milhões de brasileiros na extrema pobreza e mais de 110 milhões em situação de insegurança alimentar.

Os três anos de trágica condução da economia por Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes, somado ao clima de instabilidade política provocado pelos ataques à democracia, repercutiram no aumento da rejeição do governo, como indicam todas as pesquisas. E, agora, o inquilino do Palácio do Planalto tenta recuperar campo na disputa eleitoral em busca do apoio daqueles que seu governo empurrou ou está empurrando para a ruína.

Entre as medidas que devem ser anunciadas, na desesperada tentativa de conter o crescente desgaste social do governo, está a reedição do Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Pronampe) e o Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (Peac). As duas linhas de crédito, pela legislação atual, têm a  taxa de 6% a.a, acrescida da variação da Selic (hoje em 10,75% ao ano). A volta dessas linhas depende de recursos no Fundo Garantidor de Operações e do Fundo Garantidor de Investimentos, que cobrem parte de perdas dos bancos com as operações.

O Sebrae apoia o novo pacote de crédito, mas alerta para a alta da taxa Selic, que “necessariamente leva a maiores taxas na ponta tomadora”. “Ao longo de 2021, a taxa média de juros foi subindo de 26,5% ao ano, no primeiro trimestre, para 31,1%, no último trimestre, enquanto a taxa média de inadimplência passou de 4,0% para os 4,5% no final do ano”, observou Carlos Melles, presidente do Sebrae. Em 2021, o volume de crédito concedido aos pequenos negócios, R$ 340,3 bilhões, foi 2,2% menor do que em 2020.

Paulo Guedes também sinalizou que irá liberar o saldo do FGTS para pagar dívidas a bancos. “Vamos lançar programa de acesso a crédito sem grandes gastos fiscais”, disse Guedes em evento do BTG Pactual, na terça-feira (22). Em outras palavras, o governo não irá colocar dinheiro novo na economia.