No início da pandemia do novo coronavírus, o Covid-19, que agora coloca em risco a vida de
milhares de brasileiros, um dos produtos fundamentais para impedir a propagação
desenfreada do vírus, o álcool em gel 70º, já é alvo da especulação e do sobrepreço por gente
sem escrúpulos. Em São Paulo, o preço do produto passou de R$ 12 para R$ 30 no último
período.
A principal solução para o problema poderia ser tomada de forma rápida com o tabelamento
do preço do produto. Mas, a medida já foi descartada pela equipe econômica do governo.
Quando o assunto é povo, Guedes logo se coloca em prol dos monopólios e por uma “auto-
regulação” do mercado. O mesmo ministério também não tomou qualquer outra medida para
apoiar a população diante da ameaça causada pelo vírus.

O completo descontrole causado por estes destruidores do nosso país gera uma situação
absurda. O maior produtor de álcool do mundo, não consegue oferecer o insumo para garantir
que a população tenha uma mínima condição para enfrentar esta crise.
OAB-CE defende tabelamento
A Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE) para combater a escalada de preços dos
produtos relacionados aos cuidados com o coronavírus, como máscaras, álcool em gel e alguns
remédios, vai enviar um pedido ao Governo Federal para que os preços da cadeia produtiva
desses produtos sejam congelados.
“Precisamos agir logo. E essa recomendação (de congelar preços) ao Governo irá, com toda a
certeza, beneficiar a população, pois não é possível limitar a compra ou que aumente de forma
abusiva os preços como á estão fazendo”, pontuou o presidente da OAB Ceará, Erinaldo
Dantas. “Vamos mandar um pedido para o Governo Federal”, completou.
Segundo o presidente da OAB-CE, em momentos de crise, o Governo Federal pode tomar
ações restritivas em relação ao mercado para impedir desproporcionalidades econômicas ou
questões que possam afetar a saúde do País.
“Tem de ser feita uma análise da cadeia produtiva. O que a gente está pedindo é que seja feita
essa análise para impedir que haja uma supervalorização de produtos como álcool em gel e
máscaras, por exemplo. Em um momento de crise, o Governo poderá tomar ações restritivas
em relação a isso”, explicou.
Preços abusivos por todo o país
Em São Paulo, o aumento na procura por álcool em gel fez o preço mais que duplicar. No
interior do estado, um vidro antes vendido por R$ 12,00 não é mais encontrado nas farmácias
por menos de R$ 30,00.
Em várias unidades das três maiores redes de farmácia do país — Grupo Raia/Drogasil,
Drogaria São Paulo e Pague Menos, na zona sul e oeste da capital, o item está em falta.
A escassez de álcool preocupa principalmente aqueles que fazem parte dos grupos de risco da
doença, como idosos.
“Já é a quarta farmácia que venho e não encontro. Na última, o vendedor disse que uma
senhora levou tudo. É complicado, eu me preocupo. Vou voltar amanhã, assim que a farmácia
abrir, para ver se encontro”, contou Paulo Olímpio, de 72 anos.
No Rio de Janeiro, a situação não é diferente, moradores do centro, zona sul e zona norte, não
encontram o produto nas farmácias.
O farmacêutico e conselheiro do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF/RJ),
Adriano Tancredo de Castro, também é dono de uma drogaria e fala sobre o aumento do
preço gerado pela falta de produtos. “Quem tem as mercadorias no estoque hoje sabe que os
preços aumentaram muito. A caixa de máscara normal, que comprávamos por R$ 14,00, hoje
está sendo vendida a R$ 80,00 ou R$ 90,00”.

O problema também afeta hospitais. A Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados)
informou que o preço das máscaras cirúrgicas subiu 569% desde o início do surto.
Em Santa Catarina os produtos estão em falta em praticamente todas as farmácias do estado.
Na região da Grande Florianópolis, as farmácias informam que os produtos estão em falta. Elas
contam que quando chega alguma quantidade pela manhã, meio-dia já estão esgotados.
Em Belo Horizonte, as farmácias da cidade relatam falta de máscaras e de álcool em gel nas
prateleiras. Na rede de drogarias Araújo, a demanda por álcool em gel está mais rápida que a
reposição, informa a assessoria de imprensa das lojas.
Farmácias menores reclamam dos preços: segundo Carlos Reis, dono da drogaria Clube da
Farmácia, no bairro Vila Ermelinda, na região Noroeste, a quantia cobrada por um fornecedor
de máscaras escalou nesta semana. “Por esse valor, não compro”, diz. Uma funcionária de
uma farmácia no Barreiro também afirma que os preços aumentaram.
Professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Ludmila Camargo costuma comprar caixas de máscara para usar em um laboratório
de anatomia. No começo da semana, encomendou online duas caixas de cem unidades, mas o
pedido foi cancelado ontem, sem justificativa do fornecedor. Em seguida, ela encontrou os
produtos 15 vezes mais caros em outras lojas.
O aumento de demanda não se limita a lojas físicas. O aplicativo Farmácias App, de delivery de
itens farmacêuticos, aponta que a demanda por máscaras subiu 117%, seguida por 113% do
aumento de buscas por álcool em gel. Máscaras são recomendadas apenas a quem apresenta
sintomas ou acompanha pessoas com suspeita de contaminação.