O órgão é responsável pelo monitoramento da Amazônia e do Cerrado, e acompanha diariamente os índices de desmatamento.

O governo federal pretende cortar cerca de 15% do orçamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2021.

A informação foi dada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcos Pontes, em entrevista coletiva na segunda-feira (30).

“Para o ano que vem a expectativa não é boa. Por razões óbvias, todo mundo tem acompanhado o aperto fiscal que nós temos, essas restrições todas, não é só o Ministério de Ciências e Tecnologia, todos os ministérios passam ou vão passar pelo mesmo aperto ano que vem”, afirmou o ministro.

O corte será “provavelmente em torno de 15%, é o que a gente está estimando, lembrando que ainda não temos os números completos”, disse.

O órgão é responsável pelo monitoramento da Amazônia e do Cerrado, e acompanha diariamente os índices de desmatamento, além de investir em pesquisas nas áreas de ciência espacial e da atmosfera, metereologia e tecnologia espacial.

A informação sobre cortes no orçamento do Inpe se deu exatamente na coletiva de imprensa para divulgar os dados do próprio Inpe, que revelam o maior índice de desmatamento na Amazônia desde 2008, com 11.088 km² de floresta derrubada entre agosto de 2019 e junho de 2020 – uma perda de 9,5% na comparação com o período anterior.

Desde o início do governo Bolsonaro o Inpe vem sendo alvo de ataques por parte do presidente da República, que acusa o órgão de estar “à serviço de ONGs” e de divulgar “dados mentirosos” sobre queimadas e desmatamento na Amazônia. Em 2019, o respeitado cientista Ricardo Galvão foi exonerado da direção do Inpe quando rebateu afirmações de Bolsonaro de que os dados divulgados pelo órgão foram para prejudicá-lo.

Diante da previsão do corte no orçamento para 2021, o diretor do Inpe, Clézio de Nardin, informou que pretende substituir o supercomputador usado nos cálculos da previsão do tempo por duas máquinas de menor porte. Além disso, o Inpe afirma que pretende compensar a redução orçamentária com outras parcerias.