Luciana Santos foi entrevistada na manhã desta sexta-feira (11), ao vivo na GloboNews.

Em entrevista na à Globo News na manhã desta sexta-feira (11), a presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, falou sobre as negociações em torno da federação de esquerda entre o partido, o PT, PSB e o PV. Um dos pontos foi a nova reunião entre as legendas, ocorrida nesta quinta-feira (10), na qual se tratou especialmente da formação do estatuto que norteará a atuação da federação. A entrevista foi concedida aos jornalistas Julia Duailibi e Valdo Cruz.

“Acredito que as negociações, o diálogo, a construção política que a gente vem fazendo tem dado passos importantes, consolidando esse processo. O debate agora é sobre a governança, que é o estatuto da federação, sobre como vai se conformar a tomada de decisão na federação”, explicou Luciana.

Reunião com dirigentes das legendas em debate sobre governança da federação. Sede do PSB em Brasília, 10 de fevereiro de 2022. Foto: Ascom PSB.

A dirigente também colocou que concomitantemente a essa questão, tem sido discutida a equação política, especialmente do plano regional. Sobre isso, lembrou que já houve uma agenda sobre o cenário em Pernambuco e que nesta sexta-feira haverá uma rodada sobre o Rio Grande do Sul. Luciana explicou ainda que na reunião marcada para ocorrer dentro de dez dias, o foco será o conteúdo programático sobre o que os partidos vão defender para o Brasil.

“Na prática, esses partidos já atuam junto no Congresso Nacional, já temos um bloco que funciona, é um exercício cotidiano de tomada de decisão e por isso é que acredito que a governança e as equações acerca das disputas estaduais vão prosperar”, salientou.

Na avaliação da dirigente comunista, essa conformação de federação “vai funcionar, sem dúvida, como um núcleo estratégico importante que vai ajudar, inclusive, a opinião pública, a população, a ter maior discernimento do que está em jogo”.

Com relação à possibilidade de divergências internas e à proporcionalidade para a tomada de decisão na federação, ainda em debate, Luciana explicou haver um entendimento de que a assembleia da federação poderá  “refletir a quantidade de votos que os partidos tiveram, tendo como parâmetro o que é usado como critério para fundo eleitoral e tempo de TV. O critério seria a quantidade de votos que as legendas tiveram para deputado federal em 2018”. Mas, foi também aventada a possibilidade de incluir candidaturas majoritárias para esse cálculo — o que Luciana disse considerar complicado — e incluir o número de deputados estaduais.

Ela explicou ainda que o critério de decisão, quando não houver consenso, está em debate. “Por exemplo, a primeira proposta do PCdoB foi 3/5, que daria 60%. O PT aumentou essa proporção para 2/3, 66% — e isso é até mais democrático. E a proposta mais recente do PSB foi de 4/5. Mas penso que vamos chegar a um entendimento. Ou vamos para 85%, ou 66%”.

Reunião dos partidos na sede do PSB nesta quinta-feira (10)

Na prática, disse, isso significa que “o PT, sozinho numa assembleia como esta, não decide sobre as questões e nem se juntar PV, PSB e PCdoB também não tem maioria sobre o PT. Com isso, você equilibra a decisão porque ninguém isoladamente, mesmo que junte um bloco de três porque o PT é maior, não derrotará nem vai impor uma posição ao PT, nem vice-versa. Acho isso equilibrado, democrático”.

Luciana concluiu que “há um espírito dos partidos de buscar equilíbrio na tomada de decisão. Por ser uma união estável, precisamos fazer esse exercício de governança, de respeitar o diferente e garantir que aquilo que não é consenso seja resolvido. Nenhum partido isoladamente vai impor nada ao outro”.

Assista aqui a íntegra da entrevista

Por Priscila Lobregatte