Garantir a vacina para salvar vidas, por Vanessa Grazziotin
Desde meados do mês de novembro o Brasil assiste novamente ao crescimento do número de infectados pela Covid-19 e número de mortes. O Brasil já se aproxima do patamar dos quase sete milhões de pessoas infectadas. Nos aproximamos dos 180 mil mortos. Obviamente que essa não é uma situação do Brasil.
Por Vanessa Grazziotin*
Vários países do mundo estão em uma situação semelhante à nossa, com o crescimento do número de casos, com a falta de leitos de UTI, com o colapso do sistema de saúde. E diante deste fato extremamente grave o mundo se mobiliza para acelerar o início do processo de vacinação da população.
Aqui no Brasil lamentavelmente o presidente Bolsonaro continua dando as costas para a gravidade do problema e ao invés de se juntar aos governadores, que têm tomado iniciativas para garantir o mais rápido possível a disponibilização da vacina para as pessoas, o governo Bolsonaro não apenas os critica, mas coloca a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como opositora à ideia daqueles e daquelas que pretendem iniciar o processo de vacinação ainda no primeiro mês de 2021.
No estado de São Paulo o governador anunciou no último dia 7 que deverá iniciar o processo de vacinação no dia 25 de janeiro, o que fez com que Bolsonaro se revoltasse e exigisse da Anvisa – que, aliás, está tomada por militares – de que precisaria no mínimo dois meses – vejam bem, 60 dias – para analisar e quem sabe liberar a vacina da CoronaVac. Uma vacina produzida pelo laboratório chinês e aqui no Brasil em parceria com o laboratório público do estado de São Paulo, o Butantan.
Pois bem, ao lado do governador do estado de São Paulo se juntaram, no mínimo, 12 governadores. Governadores de posições políticas e ideológicas diferentes um dos outros. Os governadores do Acre, da Bahia, do Ceará, do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Paraná, Paraíba e Pernambuco já manifestaram a intenção de adquirir as vacinas que serão produzidas pelo Butantan para também iniciar a vacinação no seus estados.
O governador do Maranhão Flávio Dino, do PCdoB, foi além, anunciou no último dia 8 que vai recorrer ao Poder Judiciário para que este garanta a possibilidade dos governadores adotarem medidas no sentido de aplicar as vacinas.
Eu penso que a situação que nós vivemos é extremamente delicada. Falta ao Presidente da República entender que vidas humanas são a coisa mais preciosa e mais importante do que tudo.
E o que nós precisamos fazer é juntar forças, unir forças neste momento, independente de posições ideológicas para garantir sim o acesso das brasileiras e dos brasileiros à vacina. Porque apenas assim nós poderemos voltar a ter a vida que tínhamos antes da pandemia. Não digo igual, porque ainda levaremos um tempo para voltar a tal normalidade, mas sem dúvida nenhuma a vacina é a melhor e a maior forma de proteção de vidas humanas.
Portanto cabe a nós também, dos movimentos populares, trabalharmos no sentido de pressionarmos o governo federal a garantir rapidamente, como vários países do mundo estão garantindo às suas populações, o acesso à vacinação em massa, seja a vacina chinesa, seja a vacina inglesa, seja a vacina de onde for. O que nós precisamos é garantir o acesso da população à essa vacina tão importante na preservação de vidas.
*Vanessa Grazziotin, ex-senadora (AM), é membro do Comitê Central e secretária da Mulher do PCdoB
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(PL)