Ato contra o julgamento dos arruaceiros de janeiro foi esvaziado, diz AP

Foi um fiasco o ato convocado por trumpistas a Washington para exigir ‘Justiça para 6’, no sábado (18), segundo a Associated Press, e mais polícia do que protestantes. Se a intenção era de chamar a atenção para os presos da baderna na invasão do Capitólio, acabou mais parecendo uma confissão de isolamento.

Os incidentes foram poucos, ao contrário do que fora visto em janeiro, quando a turba assolou e tomou o Congresso aos gritos de “enforquem Pence”, tentando impedir a proclamação do resultado do colégio eleitoral e abrir caminho para o golpismo de Trump, que segue dizendo ter sido “roubado”.

Por via das dúvidas, as autoridades de Washington recolocaram a grade que esteve por semanas protegendo o Congresso dos EUA e posicionaram alguns caminhões basculantes. A Guarda Nacional ficou de prontidão, mas não precisou ser acionada.

Ainda segundo a AP, “os únicos paralelos claros com os distúrbios de mais de oito meses atrás por partidários de Donald Trump foram as falsas alegações feitas pelos organizadores do comício sobre a violência naquele dia de janeiro, quando o Congresso se reuniu para certificar a eleição de Joe Biden”.

Os parlamentares republicanos, incluindo aqueles que votaram naquele dia para desafiar a eleição de Biden, evitaram dar as caras no ‘comício’ de sábado.

O organizador da coisa, Matt Braynard, criticou os governantes eleitos por não apoiarem os que estão agora na prisão e apresentou candidatos trumpistas que estão concorrendo nas eleições intermediárias do próximo ano. O espalha-vírus foi sem spray de urso, desta vez.

Alguns contra manifestantes apareceram para curtir com a cara dos trumpistas e a polícia precisou fazer certa contenção.

Quanto aos incidentes propriamente ditos, um elemento foi preso na multidão por portar uma faca e um segundo homem foi preso depois que alguém relatou que o vira carregando o que parecia ser uma arma, disse a polícia. Duas outras pessoas que a polícia diz serem procuradas no Texas – por uso de arma de fogo e violação de liberdade condicional – foram presas após serem paradas perto do Capitólio.

Em 6 de janeiro, a turba açulada por Trump rompeu o frágil cordão policial em torno do Capitólio e tomou o Congresso de assalto. Um policial foi espancado e atacado com uma arma de choque repetidamente até que teve um ataque cardíaco; outro estava espumando pela boca e gritando por socorro enquanto os desordeiros o esmagavam entre duas portas e golpeavam sua cabeça com sua própria arma, lembrou a AP. Deputados, senadores e até o próprio vice-presidente precisaram ser levados, às pressas, para se esconderem dos arruaceiros.

De acordo com a agência de notícias, que revisou centenas de registros de tribunais e prisões de réus do assalto ao Capitólio, são 63 os detidos sob custódia federal aguardando julgamento ou audiências de sentença, com 30 deles em Washington.

Um dos mais notórios, o ‘Louquito de Chifres’, se declarou culpado e em breve terá sua sentença proclamada, estando sujeito a 20 anos, mas na espera de 3 ou 4 anos, nos termos do acordo com os promotores.

O Tribunal de Apelações dos EUA para o Circuito do Distrito de Columbia estabeleceu padrões para os juízes aplicarem na decisão de prender um réu do ataque ao Capitólio.

Um painel de três juízes decidiu em março que manifestantes acusados de agredir policiais, arrombar janelas, portas e barricadas ou desempenhar papéis de liderança no ataque estavam em “uma categoria diferente de periculosidade” do que aqueles que apenas aplaudiram a violência ou entraram no prédio depois que ele foi violado.

Outros réus condenados à prisão enquanto aguardam o julgamento incluem um homem acusado de arrastar um policial escada abaixo para ser espancado com o mastro de uma bandeira americana e outro homem acusado de liderar um grupo de manifestantes subindo as escadas do Capitólio para confrontar os oficiais. Do Oath Keepers, um grupo fascista norte-americano, apenas três integrantes permanecem presos.