Flávio Dino: Oposição avança e constrói pontes sobre divergências
“Na oposição temos um quadro significativamente melhor agora do que há um ano”, avaliou o governador do Maranhão, Flávio Dino, em entrevista ao programa Em Ponto, da Globonews, na manhã desta quinta-feira (25). Na opinião dele, no período foram reestabelecidas condições de diálogo com vários setores, “no plenamente ainda, mas avançamos”, ponderou.
Flávio Dino destacou que além das cartas, manifestos e atos públicos virtuais conjuntos, como o que está marcado para a próxima sexta-feira (26) [Direitos Já! Fórum pela Democracia], tem ganhado outras ações coletivas, como é o caso da atuação parlamentar.
“A atuação parlamentar convergente no Congresso levou, por exemplo, à aprovação da renda básica de cidadania, os 600 reais, conquista do campo da oposição, ampliando suas forças para o centro, para segmentos liberais. Acho que estamos avançando. Temos um longo percurso até 2022 e temos que ter paciência, calma, tranquilidade, para ir construindo as pontes por sobre as divergências e ir viabilizando alternativas programáticas e eleitorais para o futuro”, explicou.
“Pessoalmente estou muito satisfeito com nosso desempenho até aqui, inclusive na resistência a este desgoverno que o Brasil tem hoje”, ressaltou.
“Desgoverno Bolsonaro”
O governador do Maranhão também opinou que as movimentações do presidente da República na direção do Congresso, com acenos constantes ao chamado Centrão, não deve alterar substancialmente os problemas enfrentados pelo “desgoverno” em curso.
“Bolsonaro vai continuar sendo um elemento desagregador, uma espécie de força centrífuga porque ele precisa disso para manter o extremismo aquecido em sua base social, cada dia mais escassa, e também para tentar turvar o caminho de funcionamento das instituições para proteger a si, a seus familiares e aos amigos próximos”, destacou.
Para Flávio Dino, há apagão na gestão de políticas públicas e tendência de agudização das crises econômica e social por causa da “lentidão e ineficácia das ações econômicas do governo federal”.
Como exemplos de paralisação, citou as políticas sociais de modo geral e particularmente a Educação.
“Estamos, a bem da verdade, nos últimos meses e anos, a zero em política educacional”, registrou, mencionando, por exemplo, que não há movimentação por parte do Governo Federal para renovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), fundamental para manter as políticas educacionais de estados e municípios.
No caso da Saúde, destacou o drama que vem sendo vivido diante da pandemia de coronavírus, com descontinuidade de equipes gerenciais e falta de coordenação, inclusive para compra de itens essenciais, como aconteceu com os respiradores e agora se repete com os anestésicos necessários para entubar pacientes graves.
Justiça
O governador do Maranhão, que é ex-juiz federal, também tratou da importância de um judiciário livre e independente. Comentou as atuais investigações em estados como Rio de Janeiro e Pará, que tratam de possível mau uso de dinheiro público. Afirmou que é preciso que se investigue sim, de forma técnica, evitando a todo custo a instrumentalização política de processos visando alcance de metas partidárias.
Flávio Dino também defendeu, diante de mudanças recentes no cenário político brasileiro, que se debata a imposição de “quarentenas” para evitar contaminação da burocracia do Estado.
“Creio que é hora sim de debater uma lei geral de quarentenas para que o corpo burocrático do Estado seja imunizado em relação a certas influências que acabam gerando questionamentos com relação a sua própria legitimidade”, argumentou, enumerando profissionais que saem do mercado financeiro para a direção do Banco Central; quem sai do sistema de justiça e segurança, como as polícias, e ainda quem parte da posição de Procurador Geral da República ou Ministro da Justiça para indicação ao Supremo Tribunal Federal.
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