Todos nós tivemos nossas vidas transformadas pela pandemia. Crianças, idosos, jovens. Até quem, incrivelmente, ainda hoje duvida da gravidade da doença, já sofreu seus efeitos indiretos. É difícil aferir quem teve sua vida mais afetada. Mas, certamente, como segmentos sociais e econômicos, os mais impactados são a educação e a cultura.

Por Flávio Dino*

A dimensão do compartilhamento contínuo da educação pressupõe, em sua essência, o conviver, o estar junto, o partilhar experiências que constroem o processo de ensino-aprendizagem. E essa completude de relacionamentos tem sido tirada de nossos estudantes e professores desde que se estabeleceu o período de pandemia. Porém, acreditando que vamos vencer, seguimos os caminhos da esperança por dias melhores, construindo os trilhos que transformarão milhões de futuros.

Para somar-se ao robusto processo de estruturação educacional que já temos executado no Maranhão nos últimos anos, lançamos, na última semana, o Projeto Trilhos da Alfabetização, em parceria com a Fundação Vale, Fundação Getúlio Vargas e 24 prefeituras municipais que integram o Consórcio Intermunicipal Multimodal (CIM), situadas ao longo da Estrada de Ferro Carajás. Em uma perspectiva de geração de oportunidades, de forma conjunta, vamos promover a melhoria da aprendizagem das crianças, elevando os níveis de alfabetismo ao tempo que potencializaremos a formação de professores alfabetizadores e coordenadores pedagógicos. Ao todo, mais de 70 mil crianças e mais de 4 mil professores e gestores escolares serão alcançados, beneficiando diretamente a comunidade de mais de 1000 escolas maranhenses.

Tão indispensável quanto a educação, está a dimensão da cultura nesse processo transformador. A cultura é essencial para nossa definição como seres humanos e para nossa formação como nação. O conhecer e o reconhecer tradições e saberes fazem parte desse amplo movimento educacional que tanto impacta a vida de nossas crianças e jovens. Acreditamos na capacidade transformadora da educação e da cultura para alcançarmos uma sociedade mais digna e justa.

É por isso que, diante do delicado momento que vivemos, ampliamos nossa atenção aos segmentos da nossa cultura. Inevitavelmente, as necessárias medidas preventivas para resguardar a saúde reduzem as possibilidades até então mais comuns de fruição cultural. Shows, apresentações teatrais, salas de cinema, festas populares, a maior parte dessas atividades está suspensa para evitar aglomerações e a propagação do vírus. Infelizmente, a pandemia prejudica fortemente tudo isso.

No Maranhão, o nosso governo aproveitou o marco legal criado pelo Congresso Nacional para apoiar artistas e produtores por meio da Lei Aldir Blanc e fizemos editais para trabalhadores da Cultura, incluindo todos os segmentos artísticos, artesãos, escritores e produtores culturais, para os quais já repassamos R$ 34 milhões por meio de editais com amparo na Lei nacional. Com recursos exclusivamente estaduais, além do auxílio emergencial para a classe artística que concedemos este ano, criamos desde 2020 o programa Conexão Cultural, que já está em sua 4ª edição. Assim, apoiamos o segmento cultural ao mesmo tempo que estimulamos novas formas de fazer cultural. O valor estadual investido chegou a R$ 5,3 milhões.

Este ano, infelizmente, não temos como realizar grandes eventos juninos. Novamente, vamos celebrar em casa as festas de Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. Nossos estudantes e educadores ainda não puderam retomar em totalidade as suas rotinas escolares. Mas creio que em breve poderemos implantar novos trilhos de desenvolvimento, com mais educação e cultura para todos!

 

*Flávio Dino é governador do Maranhão

 

(PL)