Em entrevista ao programa Tertúlia, da TV Democracia, nesta terça-feira (4), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), analisou, entre outras questões da política nacional, os ataques de Bolsonaro e seus apoiadores à ação dos governadores, a CPI da Covid e a negligência do governo Bolsonaro com relação ao combate à pandemia.

Questionado sobre as bravatas e ameaças do presidente e de seus seguidores aos governadores, Flávio Dino destacou: “É uma brutal injustiça e atrapalha o trabalho sério e eficiente. Se não fossem os estados, os municípios e os profissionais de saúde, se dependesse apenas do comando ou da falta de comando do presidente da República, certamente o Brasil teria, a estas alturas, um milhão de vítimas diretas da Covid”.

Flávio Dino avalia que esse ambiente hostil é um grave embaraço, mas completou dizendo:“Não me sinto concretamente ameaçado; tenho muita tranquilidade no cumprimento de nossos deveres constitucionais e legais. Mas, por outro lado, você se sente injustiçado. É uma agressividade que tenta esconder as responsabilidades principais por esse caos sanitário que o Brasil atravessa”.

O governador tratou, ainda, da busca, pelo Palácio do Planalto e sua base de apoio no Senado, por tentar incluir os governadores e os prefeitos no escopo da CPI. “Temos regras para o funcionamento de CPIs consignadas na Constituição e no Regimento Interno do Senado. É da natureza das milícias essa ideia de que não existe lei. Então, eles buscam ‘milicianizar’ as instituições e transformar tudo num vale-tudo. Para nós, a legalidade deve ser preservada. Então, espero uma condução ponderada e equilibrada da CPI para distinguir o que de fato precisa ser apurado”.

Flávio Dino explicou que “é da competência do Congresso fazer o controle externo da atividade administrativa do Poder Executivo federal. Apenas acessoriamente o Congresso Nacional ultrapassa as atribuições dos poderes legislativos estaduais e municipais. É uma tentativa de desviar atenção, mas creio que a partir de hoje as coisas serão colocadas nos trilhos”.

Ao falar sobre as responsabilidades do presidente Bolsonaro no agravamento da pandemia, o governador apontou: “quem negou a gravidade da pandemia foi o presidente da República; nunca estimulou uso de máscara, promoveu aglomerações e falsas medicações, não comprou vacina no tempo certo, agrediu a todos que pensavam de modo diferente; é responsável pelo mau uso do dinheiro público federal, com decisões administrativas desastradas. Tudo isso, acho que vai emergir de modo bem cristalino”.

Com relação à polêmica em torno da não autorização, por parte da Anvisa, do uso da vacina Sputnik V, Flávio Dino explicou que novos documentos oriundos do Instituto Gamaleya, que produz o imunizante, foram apresentados à agência. O governador aguarda nova apreciação da Anvisa e ao mesmo tempo estuda a possibilidade de recorrer ao STF se necessário. “Não me parece crer que um país com a tradição científica da Rússia”, disse o governador, “iria produzir um desastre que, a estas alturas, já deveria estar materializado em vários países, inclusive na vizinha Argentina. Então, ou Anvisa viu o que ninguém viu e isso mereceria um prêmio e seria um fato a ser apurado, ou, de fato, precisa de uma análise mais cuidadosa”.

Assista a íntegra da entrevista:

Por Priscila Lobregatte