Em entrevista à CNN Brasil, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro faz “uma opção pelo caos” ao não adotar medidas que julga adequadas para conter a disseminação do novo coronavírus (Covid-19).

“Ele faz uma opção pelo caos. O que nós desejamos é que ele governe”, disse.

A declaração veio em resposta à fala do presidente de que os partidos de esquerda buscam o “caos” com a Covid-19, ameaçando a estabilidade do país.

 “Se houver caos social no Brasil só existe um responsável: o presidente da República”, disse Dino. “Depende dele, ele que tem que tomar medidas justamente para evitar o desespero dos mais pobres, dos informais, dos desempregados. Esse é o apelo que nós estamos fazendo, porque acreditamos na democracia.”

A entrevista do governador aconteceu logo após uma reunião com os chefes dos executivos de 26 das 27 unidades da federação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Segundo Dino, os governadores estão fazendo um “chamado ao bom senso” e estão comprometidos com as medidas de isolamento social e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

 “O que queremos é que o presidente pare de atacar a verdade, atacar a ciência e atacar os governadores”, afirmou.

‘Discurso chantagista’

Na visão de Flávio Dino, “o governo federal está nitidamente desorientado” e tem posições desencontradas. “É como se fossem vários governos federais. Um deles é coordenado pelo presidente, outro pelo vice-presidente, outro pelo ministro da Saúde”.

O governador do Maranhão chamou de “chantagista” o discurso adotado por Bolsonaro, que relaciona as medidas de restrição adotadas pelos governadores com uma suposta falta de preocupação destes com a economia.

“Nós resolvemos o seguinte: vamos continuar agindo assim e combatendo esse discurso chantagista segundo o qual quem protege as vidas está prejudicando a economia. Essa dicotomia é falsa”, argumentou Dino, para quem a responsabilidade por conter a crise econômica é do próprio Jair Bolsonaro. “Quem gerencia a crise econômica, que vem desde antes, é o presidente da República”.

 Dino criticou o fato de o pronunciamento com críticas aos governadores ter ocorrido durante um calendário de reuniões entre o presidente e os chefes dos executivos estaduais.

“Terminado este ciclo, o que faz o presidente da República? Ignora todo esse clima de diálogo e vem exatamente com uma fala de colocar a população contra os governadores e se eximir da sua própria responsabilidade”, disse.

Medidas locais

Para o governador do Maranhão, o chamado isolamento vertical, em que apenas grupos de risco deixam de circular pelas cidades, é uma “lenda” e, portanto, não adotará em seu estado. Bolsonaro propôs a medida mais cedo hoje.

 “É uma lenda essa história de isolamento vertical. Nenhum país do planeta, neste momento, está praticando isso do modo como foi exposto pelo presidente da República. Portanto, estamos cumprindo as recomendações científicas”, disse.

O estado do Maranhão tem oito casos confirmados do novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde. Dino disse que, diante da perspectiva de alta nos casos nas próximas semanas, o governo estadual está ampliando a rede de saúde e promovendo campanhas de educação e conscientização.