O vereador Carlos Bolsonaro

O gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, confirmou em seu depoimento à CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (13), que Carlos Bolsonaro, o filho “zero dois” do presidente, participou de reunião do governo com a empresa para tratativas sobre a venda de vacina.

Segundo Carlos Murillo também participou do encontro o assessor da presidência Filipe Martins, o mesmo que afrontou o Senado com o gesto dos fascistas e supremacistas brancos.

“Sobre as reuniões me foi solicitado procurar informações sobre a reunião que nossa diretora jurídica teve com o senhor Fabio Wajngarten no dia 7 de dezembro. Então, se me permitir, posso relatar o que ela oficialmente enviou para mim”, disse o executivo, após ser questionado sobre quem teria participado das reuniões. A informação confirma a suspeita da CPI sobre a existência de um aconselhamento paralelo a Bolsonaro sobre os assuntos pertinentes à pandemia.

“Após aproximadamente uma hora de reunião, Fabio [Wajngarten] recebeu uma ligação, sai da sala e retorna para reunião. Minutos depois entram na sala de reunião Filipe Garcia Martins e Carlos Bolsonaro. Fabio explicou a Filipe Garcia Martins e a Carlos Bolsonaro os esclarecimentos prestados pela Pfizer até então na reunião. Carlos ficou brevemente na reunião e saiu da sala. Filipe Garcia Martins ainda permaneceu na reunião”, contou Murillo à CPI.

Conforme o representante da Pfizer, foram ao menos seis ofertas do imunizante, feitas a partir de agosto de 2020, antes de o país firmar o contrato. Bolsonaro e Pazuello alegavam que a empresa farmacêutica fazia exigências absurdas e se recusaram a encomendar as vacinas que poderiam ter salvado a vida de milhares de pessoas. Ao fim, não houve alterações contratuais e as cláusulas foram acatadas.

Durante todo esse tempo, o governo não tomou nenhuma iniciativa junto ao Congresso Nacional para viabilizar legalmente a compra dos imunizantes. Foi preciso que o senador Rendolfe Rodrigues (Rede-AP) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) atuasse para viabilizar a superação do impasse criado por Bolsonaro e Eduardo Pazuello.

A revelação desmente mais uma vez o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, que havia negado à Comissão, na quarta-feira (12), que Carlos Bolsonaro tivesse participado de reuniões para negociar a aquisição de vacinas. “A minha origem é São Paulo, da qual o deputado Eduardo Bolsonaro me conhecia. Eu nunca tive contato com o filho do presidente, do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro”, afirmou. Wajngarten afirmou, ainda, que o vereador “nunca teve” função no Palácio do Planalto.