Bolsonaro ao invés de zerar a fila do Auxílio Brasil, conforme prometeu, mais do que dobrou em apenas um mês o número de famílias que estão à espera do auxílio. Isso significa que cerca de 5,3 milhões de brasileiros aguardam na fila da fome enquanto a promessa de serem contemplados pelo programa, lançado pelo governo em substituição ao Bolsa Família, não chega.

Este número, que expõe o descaso do governo no âmbito da assistência social e combate à fome, vem de um mapeamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgado na segunda-feira (20). A entidade acessa os números porque o cadastramento de famílias elegíveis para a rede de proteção social é realizado em âmbito local, através do Cras (Centro de Referência em Assistência Social) dos municípios.

Enquanto isso, o Ministério da Cidadania do governo federal continua escondendo os números oficiais, tendo chegado a dizer no início do ano que a fila do programa estava “zerada”.

De acordo com a CNM, em abril 2,78 milhões de famílias com o perfil para o programa ainda não haviam sido contempladas. A chamada “demanda reprimida” teve um salto de 113% em relação a março – quando o número de famílias à espera era de 1,3 milhões de famílias, segundo o mapeamento. Ou seja, de um mês para o outro, o número de famílias vivendo em condições de pobreza e que deveriam estar recebendo alguma proteção social do governo aumentou em 1,4 milhões de famílias.

A divulgação dos dados faz parte do esforço das prefeituras de alertar para a necessidade de reforçar o programa em uma situação de aumento exponencial da fome no Brasil.

No início do mês, a divulgação do 2.º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar mostrou que a fome no país voltou a patamares registrados na década de 90: em 2022, o número de pessoas vivendo sem ter o que comer alcançou 33,1 milhões. Uma explosão no governo Bolsonaro. Em 2018, eram 10 milhões o número de brasileiros nessa situação.

Com a economia estagnada, o desemprego atingindo milhões de brasileiros, a inflação corroendo as rendas e atingindo sobretudo os alimentos, o Auxílio Brasil de Bolsonaro não atende às necessidades da população mais carente. A previsão orçamentária de R$ 89 bilhões para o programa, segundo a CNM, não é suficiente para zerar a fila de famintos – já que mais de 30% dos recursos foram gastos apenas nos três primeiros meses do ano