O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, pediu nesta terça-feira (31), a diplomatas estrangeiros que a “comunidade internacional esteja alerta contra acusações levianas” nas eleições, ao destacar o trabalho da Corte Eleitoral para combater o “vírus da desinformação”, que tem buscado desacreditar o atual sistema de votação por meio das urnas eletrônicas.

“Convido o corpo diplomático sediado em Brasília a buscar informações sérias e verdadeiras sobre a tecnologia eleitoral brasileira, não somente aqui no TSE, mas junto a especialistas nacionais e internacionais, de modo a contribuir para que a comunidade internacional esteja alerta contra acusações levianas”, disse Fachin ao abrir o evento “Sessão informativa para Embaixadas: o sistema eleitoral brasileiro e as Eleições 2022”.

“A integridade e fidedignidade das eleições brasileiras têm de ser demonstradas não por frases desconexas ou declarações vazias, mas por relatórios fundamentados de especialistas na matéria”, reforçou ele, na abertura da “Sessão informativa para Embaixadas: o sistema eleitoral brasileiro e as Eleições 2022”.

Na fala, Fachin não fez qualquer menção direta ao presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição e responsável por frequentes ataques sem apresentar quaisquer evidências de supostas fragilidades às urnas eletrônicas.

“Estou me referindo ao vírus da desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro, que, de maneira infundada e perversa, procura incessantemente denunciar riscos inexistentes e falhas imaginárias”, criticou.

O presidente do TSE destacou que vários organismos e centros internacionais confirmaram que vão participar como observadores das eleições do Brasil.

Na semana passada, foi veiculado que será o maior contingente de pessoas a acompanhar o pleito na história da Corte Eleitoral, mesmo a despeito de missão da União Europeia não vir ao País após o governo brasileiro ter demonstrado desagrado ao convite feito pelo TSE.

“Muitas dessas missões contarão com engenheiros e técnicos de informática, cujos trabalhos estarão voltados especificamente para o funcionamento da urna eletrônica, a exemplo do que fez a OEA [Organização dos Estados Americanos] em 2018 e em 2020, cujos relatórios atestam a integridade e segurança da urna eletrônica”, destacou Fachin.

E acrescentou: “Teremos, ademais, corpos técnicos especializados, observadores e peritos na área, de diversas partes do mundo, convidados pelo TSE, incluindo observadores nacionais e internacionais”.

O índice de confiança nas urnas eletrônicas recuou a 73% em maio, em contexto de constantes ataques e questionamentos do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema de votação, apontou pesquisa do instituto Datafolha divulgada na última sexta-feira (27). Mesmo com o recuo, o índice é altíssimo.

Do total de 73% dos entrevistados que responderam confiar nas urnas, 42% dizem confiar “muito” e 31% confiam um pouco. Outros 24% afirmaram que não confiam, enquanto 2% não souberam responder.

Em março, o nível de confiança chegava a 82%. Os que desconfiavam das urnas eram 17%. O índice, no entanto, vem apresentando mudanças consideráveis: em dezembro de 2020, a confiança nas urnas era de 69%, ante 29% que não confiavam.

Entre os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato que lidera a corrida eleitoral, o patamar de confiança nas urnas é maior: 83% confiam (54% confiam muito e 29%, pouco), ao passo em que 16% não confiam.

Mas no grupo de eleitores de Bolsonaro, o cenário é outro. Os que confiam nas urnas são 58% (20% confiam muito e 38% confiam pouco) e 40% responderam não confiar.

Bolsonaro, que sofreu derrota no Congresso com a rejeição da proposta que tratava do voto impresso, tem as urnas e o sistema eletrônico de votação como alvos em constantes ataques e questionamentos quanto à lisura e segurança das eleições. O TSE e os integrantes da Corte Eleitoral também são atacados com frequência pelo ocupante do Planalto.

O presidente já sugeriu ter ocorrido fraude no pleito de 2018, sem apresentar provas, e chegou a afirmar que não aceitaria o resultado de eleições que não considera “limpas”. Também utilizou convite do TSE para que as Forças Armadas participem de comissão de transparência para levantar suspeitas e criar tensionamentos com a Corte Eleitoral.