“Extradição é afronta à liberdade de imprensa”, diz a noiva de Assange
O pedido dos Estados Unidos de extraditar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e a concordância com isso da Grã-Bretanha são atitudes politicamente motivadas, insustentáveis e prejudiciais para a imprensa e o jornalismo livres, declarou Stella Morris, noiva do jornalista
Morris argumentou que a extradição de Assange, na qual os EUA insistiram, não são casuais. “A natureza do crime que eles estão processando é a atividade jornalística. Os EUA o estão levando a um caso ultrajante”, afirmou.
“Julian não é um cidadão americano. Ele não tem nada a ver com os Estados Unidos além de ter publicado seus crimes”, acrescentou ela, enfatizando a natureza extraterritorial do caso de extradição de Assange, que é um cidadão australiano que vive em solo britânico.
“Essa busca de extradição não tem relação com Assange apenas, o caso tem relação com a liberdade de imprensa”, tem dito Stella Morris.
A alta corte britânica decidiu em 10 de novembro que Assange pode ser extraditado para os Estados Unidos para enfrentar acusações de espionagem, anulando uma decisão de um tribunal inferior no início deste ano, virada contra o qual a equipe jurídica de Assange deve apelar.
“O governo Trump decidiu usar a extradição como uma ferramenta política para promover seus interesses políticos e econômicos porque ele (Assange) publicou evidências da corrupção e das linhas de trabalho dos EUA e querem silenciá-lo para sempre”, sublinhou Stella Morris.
“Isso deve ser visto no contexto do governo Trump. Julian não foi indiciado no governo Obama”, acrescentou, apontando que o governo de Joe Biden, segue as regras de seu antecessor, Trump.
Assange é acusado e procurado pelos Estados Unidos por acusações de divulgação de informações de segurança nacional, após a publicação pelo WikiLeaks de centenas de milhares de documentos militares relacionados a crimes cometidos nas guerras do Afeganistão e do Iraque há uma década, que incluíam imagens de vídeo que documenta um helicóptero Apache efetuando disparos militares dos EUA contra crianças nas ruas de Bagdá em 2007, e de jornalistas da Agência Reuters que se encontravam no local. Morris também rejeitou o argumento de que o conteúdo publicado pelo WikiLeaks constituía uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.
Ela constatou que o governo dos EUA reconheceu que “nenhuma pessoa sofreu danos como resultado das publicações”, e disse que o impacto é “um embaraço político pela repercussão que esses crimes têm na sociedade”.
“É simples assim … eles querem silenciar alguém que tem divulgado informações verdadeiras ao público sobre crimes do governo”, frisou.
Ela insistiu em que as ações dos EUA não foram prejudiciais apenas para Assange, mas também para a liberdade de imprensa e o jornalismo.
“Quando você olha para o impacto fora e dentro dos Estados Unidos, fica claro, que este é um ataque frontal contra a primeira emenda”, disse Morris, referindo-se ao texto constitucional dos Estados Unidos que proíbe a restrição da liberdade de expressão ou de imprensa.
“Mas, além das fronteiras dos EUA, aceitaram um caso extraterritorial para também limitar a liberdade de imprensa no exterior”, acrescentou ela.