Empresários e executivos acreditam que as falas golpistas de Jair Bolsonaro atrapalham os negócios e a reação das instituições deve ser firme.

Ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, três empresários acreditam que o governo Bolsonaro deveria estar empenhado em resolver os problemas da economia e não em atacar o Supremo Tribunal Federal (STF).

Um alto executivo de uma das maiores empresas de varejo do país relatou que ficou “horrorizado” com o discurso de Bolsonaro.

Na Avenida Paulista e em Brasília, Bolsonaro disse que o ministro Alexandre de Moraes deveria ser “enquadrado” pelo presidente do STF, Luiz Fux, e anunciou que não mais cumpriria decisões vindas dele. Além de ofender o ministro, chamando-o de “canalha”.

O executivo disse que a resposta de Fux, em fala feita na quarta-feira (8), foi “contundente”, mas que o discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi “vaselina”.

De acordo com ele, empresários já estão conversando com parlamentares “do seu relacionamento” para discutir a possibilidade de um impeachment contra Jair Bolsonaro.

O executivo comparou a situação com o começo da década de 1990, sob o governo de Fernando Collor de Mello, que foi impeachmado. Segundo ele, o momento vivido foi “terrível” por conta das incertezas. Não é à toa que Collor é um fiel seguidor de Bolsonaro atualmente.

O momento atual também é “desesperador”, mas Bolsonaro “também passa”, disse.

Um alto executivo de um grande banco de varejo, também em conversa com a Folha, disse que as empresas estão preocupadas com o futuro da economia do país e começaram a juntar recursos para conseguir passar por maus momentos.

As empresas estão buscando capitalizar até o começo de 2022. O executivo comparou a situação com o começo da pandemia do coronavírus.

Jeróme Cadier, presidente da companhia aérea Latam Brasil, relatou que as fronteiras de outros países com o Brasil estão fechadas por conta da imagem degradada que o país tem no exterior, e não pela situação da pandemia.

“A instabilidade institucional aumenta a insegurança jurídica e o risco-Brasil, trazendo danos à imagem do país”, disse.

“A gente precisa de uma agenda que ajude o país a crescer, a olhar para frente, a construir algo”, comentou. O empresário acredita que o país está com dificuldades de discutir uma “agenda positiva”.

Cadier afirmou que o foco tem que ser “em crescimento, geração de emprego, retomada da economia, principalmente agora, com a pandemia começando a estar sob controle”. A estabilidade das instituições tem um papel importante nessa retomada.