Ex-vice-presidente da Odebrecht Henrique Valadares: causa da morte ainda não foi determinada. Foto: Reprodução - YouTube

O ex-vice-presidente da Odebrecht, Henrique Valladares, um dos principais colaboradores da operação Lava Jato, foi encontrado morto na terça-feira (17), no seu apartamento no bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro.
Ele foi um dos principais acusadores do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). Valladares relatou em sua delação premiada que chegou a pagar ao tucano R$ 50 milhões, que foram depositados em contas no exterior.
O diretor da Odebrecht também contou que o ex-ministro de Dilma Rouseff, Edison Lobão (MDB), cobrou propina até mesmo quando ele estava internado na UTI de um hospital.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o ex-ministro de Minas e Energia aproveitou uma “visita de cortesia” ao então presidente da Odebrecht Energia, para solicitar vantagens indevidas em contratos para as obras de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
A situação aconteceu no ano de 2012, quando Valladares estava internado na UTI do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Ele acabou por indicar o então diretor de relações institucionais da Odebrecht Energia, Ailton Reis, para tratar dos pagamentos de propina com Edison Lobão, de acordo com a delação.
Em ambos casos, a Odebrecht pedia como contrapartida facilidades na área de energia. O executivo chegou a mencionar pagamentos para o chefe da tribo indígena nas regiões de interesse da empresa. O pagamento era para que eles não criassem problemas com as obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia.
Valladares ainda relatou que pagou propina para sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para evitar manifestações nos locais.
A Polícia Civil informou que o corpo do executivo da Odebreccht já passou pelo IML (Instituto Médico Legal) e a causa da morte foi indeterminada.
Aécio foi acusado de pedir e receber propina de R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, dono da J&F, para tentar atrapalhar o andamento da Operação Lava Jato.
Em diálogo, gravado com autorização da Justiça, Joesley procura saber de Aécio quem seria o responsável por pegar as malas de propina.
— Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança — propôs Joesley.
— Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio.
O primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, foi o escolhido para pegar a grana. Frederico Pacheco foi flagrado por câmaras colocadas pela Polícia Federal na sede da JBS recebendo os primeiros R$ 500 mil dos dois milhões acertados por Aécio com Joelsey. Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (MDB-MG), foi filmado conduzindo o dinheiro até Belo Horizonte de carro.
Uma das testemunhas-chaves das investigações da corrupção da Odebrecht na Colômbia, Jorge Enrique Pizano morreu, oficialmente, de “infarto fulminante”, no dia 8 de novembro do ano passado.
Passados menos de dois meses, o “suicídio” de uma segunda testemunha, Rafael Merchán, ex-secretário Nacional de Transparência provocaram uma reversão das investigações, potencializadas pelo assassinato de Alejandro Pizado, filho de Jorge Enrique.
Passados poucos dias do funeral do pai, Alejandro morreu após beber água de uma garrafa de água aberta no quarto do pai, em que foi constatado haver traços de cianureto, veneno extremamente potente.
Jorge Pizano era auditor da construção da Rota do Sol, estrada que liga o interior do país à costa colombiana no Caribe, obra da empreiteira brasileira em parceria com o Grupo Aval, tendo sido ele quem denunciou os contratos superfaturados à Justiça.
A morte por cianureto poderia ser confundida com um enfarto, mas já não era possível determinar a causa da morte de Jorge Pizano, uma vez que seu corpo havia sido cremado.
Diante de tantas evidências, médicos legistas acusaram o Instituto Nacional de Medicina Legal (IML) de ter falhado na investigação da causa da morte do ex-auditor. Em 21 de dezembro, o diretor do instituto, Carlos Valdés, admitiu ter havido muitos erros no caso, em especial na coleta e manutenção de provas, vindo a pedir demissão.