EUA: ex-embaixador John Bolton admite ter planejado golpes de estado
O ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU e ex-conselheiro de Segurança do Nacional, John Bolton, admitiu em entrevista que “ajudou a planejar golpes de estado, não aqui, mas, você sabe, em outros países”.
Ele estava sendo entrevistado, na CNN, sobre o atentado organizado por Donald Trump contra a democracia, em 6 de janeiro de 2021, e argumentava que aquilo não tinha sido um golpe. O jornalista discordou e falou que “alguém não precisa ser brilhante para tentar um golpe”.
Bolton então respondeu: “Eu discordo de você, como alguém que ajudou a planejar golpes de estado, não aqui, mas em outros lugares. Dá muito trabalho”.
O ex-conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, que foi demitido do cargo em 2019, está presente na política nacional dos Estados Unidos desde a década de 1980, passando pelo Departamento de Justiça e de Estado e fazendo parte de todos os governos do Partido Republicano desde então, como o de Ronald Reagan, George Bush, pai e filho, e Donald Trump.
Em 2005, John Bolton foi indicado por George W. Bush como embaixador dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante a entrevista à CNN, realizada na terça-feira (12), ele não deu mais detalhes sobre em quais golpes ele esteve envolvido, mas desde a década de 1980 foram muitos realizados pelos Estados Unidos.
Bolton foi um dos principais defensores da invasão do Iraque, realizada em 2003, mentindo descaradamente sobre a presença de armas químicas produzidas pelo governo de Saddam Hussein.
No artigo de Philip Bump para o Washington Post – “Então que golpes pode John Bolton ter se envolvido exatamente?” – , houve 150 golpes com participação norte-americana, desde 1982, ano que marca o início da participação de Bolton em posições de governo nos Estados Unidos (USAID, Departamento de Estado e Departamento de Justiça). Entre os prováveis golpes de estado com intervenção norte-americana o articulista do WP aponta o que depôs Jean–Bertrand Aristide em 2004, o primeiro presidente democraticamente eleito no paupérrimo Haiti, como um dos que teve provável participação de Bolton.
O político estadunidense já defendeu bombardeios contra a Coreia do Norte e o Irã.
Em 2018, depois que Bolsonaro foi eleito, John Bolton o visitou em sua residência, enquanto representante oficial do governo de Donald Trump.
Sobre a Venezuela, onde, em 2019, uma marionete dos EUA, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente, Bolton falou: “Lá não foi bem sucedido. Não que nós tivéssemos muito a ver com isso, mas eu vi o trabalho que deu para a oposição tirar um presidente eleito de maneira ilegal e falhar”.
Em 2014, os Estados Unidos participaram ativamente do golpe na Ucrânia, que derrubou o presidente Viktor Yanukovych, que tinha sido eleito democraticamente, para implantar um governo fascista e aberto à penetração da Otan no país para ameaçar a Rússia.
A sub-secretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, e o embaixador do país na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, foram gravados conversando sobre a composição que deveria ter o novo governo que assumiu depois do golpe.