"EUA não investiu nas capacidades essenciais da Saúde Pública", disse o Dr. Redfield

O diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, Dr. Robert Redfield, assinalou que o país está “despreparado” para “a maior crise de saúde pública que atingiu a nação em um século”, apontando que o país continua sendo o mais atingido em todo o mundo pela pandemia de coronavírus

O Covid-19 que, segundo o registro da Universidade Johns Hopkins, já contaminou nos EUA mais de 5,3 milhões de pessoas e provocou mais de 168 mil mortes, deixou a nu os problemas do sistema de Saúde norte-americano.

“Nós realmente não investimos, nesta nação, nas capacidades essenciais da Saúde Pública”, disse Redfield em entrevista com o diretor médico da WebMD, John Whyte, concedida no dia 13 último. “Agora é o momento de investir em dados, análise e prognóstico de dados, resiliência laboratorial em nossos laboratórios clínicos e força de trabalho na área de Saúde Pública”, disse.

A organização Colegiado Americano de Médicos (ACP) que reúne 159 mil filiados manifestou, no início da pandemia, apoio à luta dos médicos por uma medicina pública universal (campanha Medicare For All). O posicionamento da segunda maior associação de médicos dos Estados Unidos vem logo após a publicação de uma carta aberta da organização Médicos por um Programa Nacional de Medicina (PNHP), assinada por 2.000 profissionais “prescrevendo” Medicare For All.

Milhões de pessoas não poderão adotar as medidas de proteção que são chaves para não se infectar. Como não existe no país uma lei federal que obrigue empregadores a oferecer licença médica, muitos funcionários precisam escolher entre trabalhar doentes ou ficar sem salário — ou até mesmo perder o emprego. Além disso, sem um sistema público de saúde, muitos não têm cobertura e evitam ir ao médico por medo dos altos custos.

O Dr Redfield constatou que há “danos colaterais” nesta pandemia que se refletem no fato de que as autoridades de saúde foram forçadas a desviar seu foco desproporcionalmente dos tratamentos da AIDS, Hepatite C e outras doenças.

Ele já tinha alertado para o risco de que uma eventual segunda onda do novo coronavírus (COVID-19) neste ano possa ser ainda pior no país, por coincidir com a temporada de gripe.

“Existe a possibilidade de que o ataque do vírus à nossa nação no próximo inverno seja realmente mais difícil do que o que estamos passando”, disse em entrevista ao Washington Post. O inverno nos EUA começa em dezembro.