Mancha de óleo se estende por 33,6 km²

Um vazamento de petróleo na costa sul da Califórnia levou a uma catástrofe ambiental deixando peixes mortos, aves cobertas de petróleo e praias e zonas úmidas contaminadas.

Aproximadamente 3.000 barris foram vazados, formando uma grande mancha de petróleo que cobre cerca de 33,6 quilômetros quadrados no oceano Pacífico. A operação de limpeza da contaminação envolve agências federais, estaduais e municipais.

“Isso é simplesmente devastador para nossa vida marinha, nosso habitat, nossa economia, toda a nossa comunidade”, disse a supervisora do condado de Orange, Katrina Foley, à emissora MSNBC no domingo (03).

O vazamento foi provocado por uma ruptura na plataforma petrolífera Elly, se estendendo de Huntington Beach até Newport Beach, um trecho visitado por surfistas e banhistas.

Uma investigação está em andamento para verificar se a âncora de um navio pode ter atingido o oleoduto no fundo do oceano, causando o vazamento de petróleo pesado nas águas costeiras.

Uma âncora de um navio de carga colidindo com o oleoduto é “uma das principais possibilidades” por trás do vazamento, disse Martyn Willsher, CEO da Amplify Energy, empresa sediada no Texas que opera o oleoduto por meio de sua subsidiária Beta Offshore, em entrevista coletiva. Ele disse que os mergulhadores examinaram mais de 2.438 metros do oleoduto e estavam se concentrando em “uma área de interesse significativo”.

Os navios de carga que entram nos portos gêmeos de Los Angeles e Long Beach passam rotineiramente pela área, informaram oficiais da Guarda Costeira. Por conta da pandemia, os atrasos têm afetado os portos nos últimos meses e várias dezenas ou mais de navios gigantes têm sido ancorados regularmente enquanto esperam para entrar nos portos e descarregar.

Entidades da região têm pressionado há anos por regras federais que reforcem os requisitos de detecção de derramamento de óleo e obriguem as empresas a instalar válvulas que podem desligar automaticamente o fluxo de petróleo em caso de vazamento. As indústrias de petróleo e dutos resistem a essas exigências devido a considerarem o custo “alto”.

Além disso, o duto foi construído por meio de um processo conhecido como solda por resistência elétrica, conforme documento regulamentar da empresa. Esse processo de soldagem foi vinculado a falhas anteriores de oleodutos porque a corrosão pode ocorrer ao longo das costuras, de acordo com os avisos de segurança da prefeitura de Huntington Beach, e o diretor de segurança do oleoduto, Bill Caram.

Foram manifestadas dúvidas sobre a competência da empresa privada Amplify Energy e seus reguladores, já que o envelhecimento dos dutos também foi adicionado à lista de possíveis causas. O gasoduto que está sob os holofotes foi construído há 41 anos.

As praias, entre as preferidas por banhistas da região, podem permanecer fechadas “por semanas ou até meses”, alertou a prefeita Kim Carr, observando que ela temia um “desastre ecológico potencial” para a área.

Violações ambientais da empresa

A Associated Press registrou na segunda-feira (04) que a Amplify Energy foi citada 72 vezes por violações de segurança e ambientais que foram graves o suficiente para que o transporte de petróleo tivesse que ser interrompido para corrigir problemas.

Os reguladores não conseguiram tratar os riscos de oleodutos, plataformas e outras infraestruturas no fundo do mar, disse o órgão de fiscalização do US Government Accountability Office (GAO).

“Conforme os dutos envelhecem, eles são mais suscetíveis a danos por corrosão, deslizamentos de lama e erosão do fundo do mar”, assinalou o GAO.

Moradores, empresários e ambientalistas também questionam se as autoridades reagiram rapidamente. O Los Angeles Times, citando documentos que obteve, relatou na noite de segunda-feira que funcionários do governo sabiam do vazamento mais de 10 horas antes de ser relatado pela Amplify.

Espera-se que o derramamento afete uma área que abriga espécies ameaçadas e em perigo de extinção, incluindo a ave marinha tarambola-branca, e que baleias jubarte sejam agredidas.

As estatísticas mostram que milhares de vazamentos de óleo ocorrem nas águas dos EUA a cada ano, a maioria pequena, derramando menos de um barril de petróleo, segundo a Agencia Reuters.

No entanto, desde a explosão de um poço de petróleo em Santa Bárbara da Califórnia em 1969, pelo menos 44 derramamentos de petróleo, cada um com mais de 10.000 barris, foram registrados nas águas dos Estados Unidos, o maior dos quais foi a explosão de um poço em águas profundas em 2010, no Golfo do México.

A Guarda Costeira dos Estados Unidos, que coordena a resposta ao incidente, mobilizou diversas embarcações de limpeza. Até a tarde de domingo (03), cerca de 12.000 litros de petróleo tinham sido retirados da água e cerca de 1.600 metros de barreiras foram instalados para conter o avanço da mancha de óleo.