Paris, FRANCE: French high school students block the entrance of the Lamartine high school, 30 March 2006 in Paris. French unions and students vowed 29 March 2006 a fresh day of nationwide strikes and protests next week to demand the scrapping of a youth jobs law, raising pressure on French President Jacques Chirac to intervene in the spiralling dispute. After more than a million people protested 28 March 2006, organizers set 04 April 2006 as the next landmark in their campaign to force the withdrawal of the First Employment Contract (CPE), which makes it easier to hire and fire young people. AFP PHOTO JACK GUEZ (Photo credit should read JACK GUEZ/AFP via Getty Images)

Estudantes do ensino médio protestaram em Paris, na terça-feira (3) contra o distanciamento social inadequado nas escolas e a falta de medidas de segurança para deter a transmissão do coronavírus um dia depois que as instituições de ensino reabriram para um novo semestre em toda a França e menos de uma semana após o país entrar em sua segunda quarentena provocada por um aumento descontrolado de casos de Covid -19.

A polícia francesa reprimiu com gás lacrimogêneo as manifestações que bloqueavam a entrada em pelo menos 10 escolas de ensino médio em Paris, enquanto os alunos protestavam contra os protocolos do coronavírus que, segundo eles, não seguem os cuidados necessários no início do novo ano letivo no país.

Os alunos usaram latas de lixo para bloquear as entradas no colégio The Colbert no 10º distrito da cidade e na escola Sophie-Germain no 4º distrito, criando situações de tensão que não foram respondidas satisfatoriamente pelas direções das escolas.

Policiais com coletes a prova de bala e máscaras, muitos dos quais brandiam escudos, espalharam gás lacrimogêneo para dispersar multidões de estudantes e até atacaram jornalistas que tentavam cobrir os protestos. Cerca de 60 estudantes teriam sido detidos e multados por sua participação nos protestos.

“Não nos sentimos seguros”, disse a estudante Helene Boucher à emissora BFM.  “Estamos todos amontoados em salas mal ventiladas, mesmo se usarmos a máscara”, desabafou.

Mais cedo, muitos estudantes compartilharam vídeos que mostram a superlotação nas áreas comuns das escolas que abriram suas portas para o novo ano letivo, na segunda-feira (2).

“Nossas aulas estão cheias, com estudantes sentados um ao lado do outro”, denunciou Jean, aluno do Lycée Colbert. “Tentaram reorganizar as mesas, mas não muda nada porque ainda há 30 de nós numa sala. O presidente Emmanuel Macron tenta fazer de conta que o aumento enorme do coronavírus não existe, e não podemos aceitar que milhares de nós fiquem expostos à pandemia”, afirmou.

Um coletivo de professores exigiu a implementação de protocolos adequados para proteger alunos e professores durante o novo semestre, em meio a casos crescentes de coronavírus e uma quarentena recém estabelecida da qual, inexplicavelmente, as instituições acadêmicas estão isentas.

As escolas foram abertas sem respeitar a segurança, apesar das novas restrições previstas para durar pelo menos até 1º de dezembro, com os cidadãos podendo sair apenas para compra de bens essenciais e para consultas médicas.

A Francia registrou um recorde de 52 mil novos casos de coronavírus na segunda-feira (2) e o número de casos hospitalizados aumentou em mais de mil pela quarta vez em oito dias, colocando o sistema de saúde no limite dos leitos hospitalares.  O país registrou na quarta-feira (04) 1.461.391 casos e 37.492 mortes, ocupando o quinto lugar de atingidos por Covid-19 no mundo.