O secretário de Saúde, Nésio Fernandes, participa do Dia D de vacinação em Viana, junto com o governador Renato Casagrande.

O governo do Espírito Santo iniciou, neste fim de semana, o projeto “Viana Vacinada”, estudo de efetividade do uso da meia dose da vacina AstraZeneca na população vianense de 18 a 49 anos. A Campanha Viana Vacinada deve imunizar até 35 mil pessoas contra o coronavírus.

O governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), participou na manhã deste domingo (13), do ato simbólico que marcou o início da aplicação das primeiras doses no Dia D de vacinação para o estudo

O estudo denominado “Efetividade, Segurança e Imunogenicidade da Meia Dose da Vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AZD1222) para Covid-19” combina vacinação com meia dose no público definido, além de acompanhamento da resposta imune e sequenciamento genético da Covid-19.

“Um domingo de muita alegria para Viana, para o Espírito Santo, para o Brasil e para a ciência mundial. Esse Dia D é muito importante para proteger a população vianense contra essa doença, mas se mostra ainda mais relevante para a ciência. Temos mais de cinco bilhões de pessoas no mundo que estão sem vacina. Se atingirmos os resultados que esperamos, vamos produzir um efeito social-econômico extraordinário. Certamente será um benefício sem precedentes para todo o mundo”, destacou o governador.

Casagrande defendeu que o Brasil volte a liderar o continente na produção de vacinas, servindo de exemplo às demais nações. “Quantos países pobres não têm condições de vacinar suas populações e por isso são dependentes de outras nações. O Brasil deveria estar liderando a América, fornecendo vacina para os países vizinhos. A vacina hoje virou um instrumento de diplomacia mundial. O momento é de integração de todos os órgãos e de fortalecimento do SUS, demonstrado de forma cabal que a ciência vai seguir salvando as vidas, como sempre fez em toda história”, pontuou.

O ato também foi acompanhado pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, que destacou que a população está “sedenta para exercer seu direito de ser vacinada”. “Estudos ousados como esse apontam um novo caminho para a imunização da população. A qualidade e profundidade desse estudo demonstra o que o Sistema Único de Saúde é capaz de produzir em favor da população”, declarou.

Nésio Fernandes fez um agradecimento a todos os profissionais de saúde que fazem parte desta iniciativa. “Destaco a liderança da professora Valéria Valim, que tem destaque no SUS e muito nos orgulha. Agradeço a missão da OPAS [Organização Pan-Americana da Saúde] pelo apoio e a todos os servidores da Saúde. A população de Viana escreve seu nome na história para o bem de todos os brasileiros”, complementou o secretário da Saúde.

A coordenadora do estudo, professora e médica Valéria Valim agradeceu em nome dos pesquisadores a confiança na realização deste estudo de grande importância tanto para cidade quanto para o Brasil. “Agradecemos a todos os trabalhadores do SUS por esse grande esforço de três semanas para realização dessa vacinação em massa e também de todas as instituições envolvidas no desenvolvimento do estudo”, afirmou.

Dia D

Após a solenidade de início da Campanha Viana Vacinada, o prefeito Wanderson Bueno, um dos voluntários do estudo, realizou a coleta de sangue e, em seguida, os profissionais da saúde deram início a aplicação da meia dose. “Tenho 33 anos, sem comorbidades, por isso, não sabia quando iria poder tomar a vacina. Hoje serei um dos imunizados. Fico muito feliz em participar desse grande dia, que será histórico ao escrever uma página na ciência mundial. Estamos dando uma contribuição ao mundo. Tenho absoluta certeza que os resultados que vamos encontrar aqui mudará a forma de vacinar em todo o mundo”, disse.

O estudo é coordenado por equipes de pesquisadores do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (HUCAM-UFES/EBSERH) e da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). O projeto foi aprovado no Comitê de Ética do HUCAM-UFES e pela Comissão Nacional de Ensino e Pesquisa (CONEP) e será executado por meio de uma parceria entre o Ministério da Saúde (MS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a FIOCRUZ, HUCAM-UFES, Secretaria da Saúde (SESA), por meio do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), e Prefeitura Municipal de Viana.

A projeção da população-alvo é composta por, aproximadamente, 35 mil pessoas que, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são: 7.154 pessoas entre 18-29 anos; 10.863 pessoas entre 30-39 anos; 8.287 pessoas entre 40-49 anos, totalizando 34.867. Considerando a população selecionada, a meta dos pesquisadores é alcançar 85% de cobertura vacinal – 29.637 pessoas, sendo, aproximadamente, 47% do sexo feminino e 53% do masculino. Serão utilizados dados dos eleitores que votaram na última eleição, fornecidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES).

Para o estudo, serão utilizadas 35 mil doses da vacina Astrazeneca Oxford/Fiocruz, doadas pelo Programa Nacional de Imunizações. A vacinação de todos os adultos de 18 a 49 anos que não fazem parte de grupos prioritários leva em consideração o aumento na proporção de casos da Covid-19 em adultos jovens, já que não tem sido possível obter vacina em doses suficientes para alcançar cobertura vacinal com duas doses em um grupo etário tão numeroso. As doses utilizadas no estudo não afetarão o quantitativo de doses que fazem parte do PNI.

De acordo com a coordenadora do projeto científico, a médica Valéria Valim, os moradores que ainda não tenham recebido nenhuma dose de vacina para Covid-19 receberão duas doses, com intervalo de 12 semanas entre elas, de metade da dose padrão (0,25mL).

“A população será acompanhada por um ano para observar a efetividade da vacina produzida pela Fiocruz. Queremos observar, por exemplo, a redução de casos e de mortes por Covid-19 após a imunização. Baseado em estudos preliminares, esperamos que vacina em dose ajustada, ou seja, metade da dose padrão, seja suficiente para produzir anticorpos e células de defesa e reduzir 60% da incidência de Covid-19, ao longo de seis meses após a vacinação”, explicou Valéria Valim.

Ainda segundo a coordenadora, será observada a efetividade vacinal por redução do número de casos, número de mortes, número de internações hospitalares e do número de internações em unidades de terapia intensiva. Também será estudada a resposta imune com duas meias doses contra variantes do vírus, bem como a segurança por monitoramento dos eventos adversos pós-vacinação.

A participação no estudo é voluntária e o cidadão vianense que quiser participar deverá assinar um Termo de Consentimento antes de receber a primeira dose da vacina.