Leonidas Iza, líder da Confederação de Nacionalidades Indígenas na mesa de negociações com o governo

A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) rechaçou a medida do presidente Guillermo Lasso – que enfrenta um processo de impeachment – de reduzir em dez centavos de dólar o preço do galão de combustíveis [3,78 litros].

“É um insulto, são dez pontos, não dez centavos”, afirmaram os indígenas, que mantêm o país paralisado desde o último dia 13 de junho contra o aumento do custo de vida, agravado pela falta de diálogo e a brutal repressão. “A redução de 10 centavos não permitiria realmente baixar os preços que aumentaram, em alguns produtos, três, quatro e a até cinco vezes”, declarou o líder dos protestos, Leonidas Iza.

Após somarem mortos e feridos, os dirigentes da Conaie se reuniram com representantes governamentais na Basílica do Voto Nacional em Quito, na segunda-feira (27), enquanto milhares de indígenas continuavam a protestar pacificamente em todo o país. A ideia é “que de alguma forma possamos ter uma política que beneficie mais os pobres”, assinalou o líder da Conaie.

Iza repudiou o desespero do presidente Lasso, que passou a apelar e dizer que os manifestantes estão sendo financiados por narcotraficantes e partidos políticos: “os povos indígenas foram realmente insultados”. O indígena também defendeu que o preço da gasolina seja reduzido em quarenta centavos e não dez, como anunciado pelo governo, e garantiu que a greve irá continuar pelo tempo que for necessário, até que o governo cumpra as exigências.

Apesar da brutal repressão, que já deixou mais de sete mortos, cinco manifestantes desaparecidos, 166 feridos e 108 detidos, e pôs até mesmo 200 de seus filhos, numa creche, como alvo das bombas de gás lacrimogêneo, a moral dos protestos segue elevada.

Diante da mobilização popular e da pressão pelo impeachment, Lasso foi forçado a terminar no sábado com o estado de emergência e, no domingo, anunciou a redução no combustível, embora completamente irrisória.

A lista de reivindicações do movimento indígena contempla além da redução expressiva e o congelamento dos preços dos combustíveis, que os preços dos bens de primeira necessidade sejam controlados e que não sejam privatizadas as empresas estatais.

Impechmeant

A Assembleia Nacional do Equador retomará nesta terça-feira (28) o pedido de impeachment de Lasso. O pedido de demissão foi apresentado por motivo de “grave comoção interna” devido às manifestações contra o alto custo de vida e as políticas econômicas recessivas do Executivo, que têm ampliado a fome e o desemprego.

Após o debate, o Parlamento tem até hoje para votar sobre o afastamento do banqueiro presidente, para a qual é necessária uma maioria de dois terços, equivalente a 92 dos 137 membros da Assembleia Nacional.