Andrés Arauz mantém folgada liderança em todas as pesquisas, exceto em institutos ligadas a bancos.

Na reta final do segundo turno das eleições presidenciais do Equador, que serão definidas no próximo domingo (11), o sistema financeiro escancarou os cofres para eleger o banqueiro Guillermo Lasso contra o economista Andrés Arauz.

Sendo assim, os banqueiros se utilizam de testas-de-ferro e todo tipo de mecanismos para irrigarem com dólares não apenas a campanha de Lasso propriamente dita, mas a guerra suja com mentiras e a divulgação de “pesquisas” manipuladas, e apagarem o rastro do dinheiro ilegal. Duas “empresas de opinião” vinculadas ao banqueiro, a Cedatos e a Livercostas são, casualmente, as únicas que dão vitória ao dono.

Do ponto de vista estritamente econômico, esclarece o jornal argentino Página12, a situação dos bancos equatorianos é o que justifica a tentativa de tentarem tomar de vez o poder político. “Sua rentabilidade quadruplica a dos bancos europeus ou norte-americanos e se caracteriza por sua alta concentração – 84% dos ativos em cinco entidades – e seu raquitismo creditício”.

A esclarecedora reportagem aponta que “nessas quatro décadas, Lasso transformou o Banco de Guayaquil em um polvo financeiro com atração irresistível para as papeleiras do Panamá, das Ilhas Cayman e dos Estados Unidos”. “Uma das empresas históricas do banco é a Banisi Holding S.A, com sede no Panamá, e uma rede de 49 empresas offshore que permitiu à Lasso lucros de até 3000% de 2015 até o momento. Seus dois filhos estão na direção. Juan Emilio Lasso Alcívar aparece como diretor e presidente executivo. Santiago Lasso Alcívar é diretor e presidente do Conselho de Administração”, explica.

A reportagem é extensa e bastante minuciosa sobre os inumeráveis crimes encobertos da família.

Numa entrevista de 3 de janeiro, antes do primeiro turno em que perdeu de Arauz por 3.033.753 de votos a 1.830.045 (32,72% a 19,74%), Lasso reconheceu que Iván Correa Calderón é o seu chefe de campanha.

Uma das suas muitas empresas, a firma publicitária Livercostas, se encarrega da comunicação do também seu Banco de Guayaquil. Correa Calderón é o dono junto a Concepto Creativo Concrea S.A. da Livercostas, de acordo com a Superintendência de Companhias do Equador.

“80% da atividade comercial de Livercostas é com o Banco de Guayaquil e beira os 13 milhões de dólares. A outra sócia, Concrea S.A., tem em seu pacote acionário o mesmo Correa Calderón, que também é membro da direção de Banisi, pilar do empório financeiro Lasso”, aponta o jornal. Na sua página web, Livercostas menciona outro cliente, a American Express, que opera também sob os auspícios do Banco de Guayaquil.

A intrincada rede e as elevadas quantias manipuladas do Banco de Guayaquil para a Livercostas são obviamente – e se o governo de Moreno não estivesse atuando abertamente a seu favor – contribuições de campanha do principal banco do Equador em defesa do seu proprietário.

Conforme a documentação legal equatoriana, lembra o jornal, há peculato bancário com pena de até 13 anos de prisão quando acionistas, funcionários, parentes, empregados e quem participe de uma Junta de Acionistas de uma entidade financeira abusam de suas funções da liberação de créditos, fundos, bens ou títulos.

Outra perna da campanha é a Cedatos, a pesquisadora favorita de Livercostas. Na eleição de 2017, em que Lasso perdeu para Moreno, a Livercostas deu o banqueiro como vencedor, da mesma forma que agora. Diante da derrota, tentam instalar a ideia de uma fraude que é a estratégia que prepara a equipo de Lasso em caso de derrota no segundo turno.