Com a crise econômica, o endividamento das famílias brasileiras disparou no governo Bolsonaro. O percentual de endividadas encerrou 2019 em 65,6%, o maior patamar desde 2010. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados na quinta-feira (9). O índice mostra crescimento na comparação com o ano anterior, quando o percentual também era alto: 59,8%.

Em dezembro de 2019, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso, isto é inadimplentes, atingiu 24,5%, acima do patamar de 22,8% observado no mesmo período de 2018.

O percentual dos que relatam não ter condições de pagar suas contas em atraso também cresceu de 9,2% para 10,0% na mesma comparação.

A proporção dos que se declararam muito endividados aumentou de 14,4% para 14,5% do total entre os meses de novembro e dezembro de 2019. Na comparação anual, houve alta de 2,1 pontos percentuais.

Em 2018, 39,9% responderam que não tinham dívidas. No final do ano passado, apenas 34,2% deram a mesma resposta.

A parcela das famílias que contam estar mais ou menos endividadas passou de 23,1% para 23,3%, na comparação entre dezembro de 2018 e dezembro de 2019, e a parcela pouco endividada passou de 24,3% para 27,8% do total.

O setor financeiro é apontado como o maior vilão das dívidas.

Com cerca de 30% da renda comprometida com dívidas, o brasileiro ainda enfrenta o desemprego recorde, o trabalho precário e a renda reprimida e acaba recorrendo ao Cartão de Crédito. Este é o tipo de dívida apontado por 79,8% das famílias, seguido por carnês (15,6%) e financiamento de carro (9,9%).

Ainda que alguns analistas digam que o aumento do endividamento é resultado da ampliação do crédito e dos juros mais baixos, os juros do cartão de crédito se mantém no mais alto patamar dos últimos anos, nos abusivos 300% ao ano, segundo o Banco Central.