Para enfrentar a crise, os brasileiros têm recorrido a cada mês com mais frequência às suas economias depositadas na poupança. Mas em julho, os saques à caderneta bateram o recorde para o período dos últimos quatro anos, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC) na terça-feira (06). Os saques superaram os depósitos em R$ 1,605 milhões.
Ainda de acordo com o BC, a retirada líquida de recursos da poupança (acima dos depósitos) atingiu a marca de R$ 16,104 bilhões nos primeiros sete meses do ano. O saldo para este período não era negativo deste 2016.
É difícil acreditar que o brasileiro tem sacado o recurso aplicado na caderneta de poupança para investimentos em um cenário de crise, desemprego alto e perspectivas de crescimento nulo do país.
De acordo com a Confederação Nacional de Comércio e Bens (CNC), o percentual de famílias endividadas cresceu pelo sétimo mês consecutivo em julho, chegando a 64%. Assim como a autorização de saque anual de 500 reais do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), os recursos da poupança estão sendo empregados em despesas extraordinárias e pagamento de dívidas, de acordo com a Associação Brasileira de Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais, que monitora a situação esperando que o movimento pudesse representar a migração desses recursos para outros investimentos.
Ainda segundo a CNC, a intenção de consumo das famílias no mesmo mês em que os saques à poupança foram recorde e o governo anunciou a liberação do FGTS, despencou 1,7%.