O Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontou que o desmatamento na Amazônia cresceu 183% no mês de dezembro em comparação com o mesmo mês de 2018.
A área com alertas de desmatamento na Amazônia Legal em 2019 aumentou 85,3% na comparação com o ano de 2018. De janeiro a dezembro do ano passado, a área com alertas chegou a 9.165,6 km². Já em 2018, o número foi de 4.946,37 km².
Os dados do Deter auxiliam o Ibama no combate ao desmate e na previsão de tendências de alta na destruição de florestas.
O crescimento do desmatamento na Amazônia tem sido constante durante o governo de Bolsonaro.
Os meses de julho e agosto registraram as maiores altas, de 278% e 222% respectivamente.
No consolidado do Prodes, também do Inpe, entre agosto de 2018 e julho de 2019 foram devastados 9.762 km² da Amazônia, o maior índice da última década.
Em julho do ano passado, quando Inpe detectou um aumento vertiginoso do desmatamento na Amazônia, Bolsonaro atacou o instituto e o então diretor Ricardo Magnus Osório Galvão. Ele disse que os dados do Inpe eram mentirosos e que Ricardo Galvão estava a serviço de ONGs.
O cientista Ricardo Galvão rebateu as acusações e reafirmou que os dados de desmatamento na região eram verdadeiros.
Galvão disse que Bolsonaro “tomou uma atitude pusilânime, covarde, de fazer uma declaração em público talvez esperando que peça demissão, mas eu não vou fazer isso. Eu espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos”.

“O sr. Jair Bolsonaro”, disse o diretor do Inpe, “precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim”.
“Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse País. Ele disse estar convicto de que os dados do Inpe são mentirosos. Mais do que ofensivo a mim, isso foi muito ofensivo à instituição”, continuou.
“Eu sou um senhor de 71 anos, membro da Academia Brasileira de Ciências, não vou aceitar uma ofensa desse tipo. Ele que tenha coragem de, frente a frente, justificar o que ele está fazendo”, disse Ricardo Galvão. O cientista foi exonerado em agosto.
Segundo Galvão, a situação ficou “insustentável” após Bolsonaro afirmar que os dados do instituto são mentirosos. No dia 1º de agosto, Bolsonaro já havia ameaçado o cientista de demissão. “Se quebrou a confiança, vai ser demitido sumariamente”, disse Bolsonaro.