Dr Anthony Fauci desmente Trump sobre superação da pandemia
O Dr. Anthony Fauci, principal autoridade em doenças infecciosas do governo dos Estados Unidos, discordou publicamente da declaração de Trump de que o país “dobrou a esquina” da pandemia de coronavírus. “Tenho que discordar disso porque, se você olhar para o que acabou de mencionar, as estatísticas… são perturbadoras”, disse o epidemiologista à emissora MSNBC, na sexta-feira, 11.
“Se você estiver falando sobre voltar a um nível de normalidade que lembre onde estávamos antes da Covid, será bem no meio de 2021, talvez até no fim de 2021”, afirmou.
Trump, que teve que admitir ter minimizado o quadro grave do vírus desde que ele surgiu no começo deste ano, para minimizar o prejuízo na sua campanha de reeleição presidencial assinalou, na quinta-feira(10), que acreditava que os EUA haviam “dobrado a esquina” em relação ao vírus.
Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, informou que a temporada de gripe dos Estados Unidos estava começando com uma base elevada de aproximadamente 40.000 novos casos de Covid-19 por dia, e as mortes estão na média de 1.000 por dia.
No sábado, 12, os casos registrados pela Universidade John Hopkins nos EUA chegaram a 6.446.933 e os falecidos foram 193.070.
“É importante reduzir as taxas de infecção antes do outono e do inverno, quando as pessoas passarão mais tempo em lugares fechados. Você não quer começar com uma base que seja tão alta”, frisou.
O Dr. Fauci alertou que atos de campanha ao ar livre retomados por Trump antes da eleição de 3 de novembro contra o democrata Joe Biden, são “absolutamente” arriscados
“Estar ao ar livre não significa que você está protegido, especialmente se estiver em uma multidão e sem usar máscaras”, disse.
Trump já confrontou publicamente o especialista declarando que ele tem se equivocado em muitas de suas recomendações. “É um pouco alarmista”, disse à Fox News, onde se referiu à orientação do virologista sobre o uso das máscaras e sobre a gravidade da pandemia no país. Mas, Fauci defendeu suas opiniões sobre os contágios: “Me considero mais realista que alarmista”.
Ele negou que o governo tenha sucesso na pressão para ficar quieto. “Qualquer um que tentar me dizer o que falar em público, se eles me conhecerem, sabem que será em vão”, disse.
Fauci afirmou que espera que o país não veja surtos de casos após o feriado do Dia do Trabalho – celebrado nos EUA na primeira segunda-feira de setembro -, como aconteceu em outros fins de semana prolongados desde maio.
No início do mês de agosto, Fauci denunciou que ele e sua família receberam ameaças de morte pelo trabalho que vem realizando em defesa das medidas cientificamente comprovadas para prevenir a propagação do coronavírus no país, e informou que teve que ser destacada uma equipe de segurança para acompanhá-lo de forma contínua.
O virologista tem apontado insistentemente sobre a necessidade e a urgência dos estadunidenses utilizarem máscaras, manterem o distanciamento físico, a higiene e evitar ir a eventos com aglomerações em lugares fechados. Um dos motivos que poderia estar por trás da rejeição às medidas para combater a pandemia, detalhou o epidemiologista, é o “sentimento anti-ciência” nos Estados Unidos que está “relacionado com o autoritarismo e a desconfiança”.
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