Dois dias após Bolsonaro participar de cerimônia de entrega de moradias populares em Juazeiro do Norte, no Ceará, o forro de uma das casas desabou e uma grande quantidade de água vazou do teto, inundando a residência e estragando os móveis da família.

As quase 2.800 moradias entregues fazem parte do programa Casa Verde Amarela, que substituiu o Minha Casa Minha Vida. A entrega das unidades, caracterizada como campanha eleitoral antecipada, foi marcada por protestos e vaias contra Bolsonaro.

“Minha mãe estava deitada no quarto dela quando escutou um estrondo e começou uma cachoeira de água. O teto caiu, a casa ficou alagada, minha mãe ficou muito assustada, com a pressão baixa, aí ela correu, se trancou no banheiro e gritou pedindo ajuda”, contou a proprietária do imóvel, Raquel Gonçalves.

Segundo ela, a idosa, que estava sozinha na residência, no cômodo onde o teto caiu, felizmente não se machucou, mas ficou em choque, e foi socorrida pelos vizinhos.

Raquel Gonçalves disse que depois da mudança da família, no sábado à tarde, já tinha percebido outras irregularidades no imóvel, como rachaduras nas paredes e portas que não fecham.

“Uma casa tão esperada. Era o sonho da casa própria que acabou virando pesadelo pra gente”, disse Raquel.

Os cortes nos programas de moradia popular têm sido uma constante no governo Bolsonaro. Um relatório da Secap (Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria), vinculada ao Ministério da Economia, mostra que o subsídio para o programa Minha Casa Minha Vida (substituído pelo Casa Verde Amarela) caiu 45,1% em 2020 em relação a 2019. Um corte de R$ 2,1 bilhão.

Em 2021, o presidente ainda vetou a destinação de mais de R$ 1,5 bilhão que estavam reservados para obras da faixa 1 do antigo Minha Casa Minha Vida, que contemplava as famílias mais pobres.