A ditadura boliviana de Jeanine Áñez foi obrigada nesta terça-feira a reparar as famílias das vítimas do massacre que promoveu no dia 19 de novembro com a megaoperação policial-militar, em frente ao terminal de combustíveis de Senkata, bairro de El Alto.

A título de “ajuda humanitária” serão pagos aos familiares das dez vítimas fatais 100 mil bolivianos (60 mil reais), enquanto as 65 feridas receberão até 50 mil bolivianos (30 mil reais), em função da gravidade das lesões. Também ficou acertado um “apoio educativo”. Entre os uniformizados não houve mortos nem feridos.

O banho de sangue foi perpetrado, segundo os golpistas, porque a sede do governo em La Paz – a 40 quilômetros -, “já estava sem gasolina e diesel há três dias” e era preciso afastar os “terroristas” do Movimento Ao Socialismo (MAS), abrindo passo aos caminhões para a retirada do cada vez mais precioso e escasso material.

De acordo com o representante de Direitos Humanos de El Alto, David Inca, devido aos inúmeros atos de protesto – como o que reuniu meio milhão de pessoas na marcha de El Alto a La Paz -, o governo Áñez não poderá utilizar o termo “indenização” ou “pagamento único”, já que os valores são baixos, ficando explícito que haverá desdobramentos futuros.

Uma das principais exigências do movimento humanitário de Senkata foi a anulação do parágrafo II do artigo 4 do Decreto Supremo 4100, que indicava que “os familiares das pessoas falecidas e feridas terão por reparado seu direito ante qualquer instância internacional, uma vez feita a indenização e o ressarcimento”.

Este ponto também foi observado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que advertiu que uma indenização e serviços de saúde “não pode juridicamente fechar nem obstruir o acesso das vítimas ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos”.

Conforme os manifestantes que defendiam a unidade da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), empresa nacionalizada pelo governo de Evo Morales, as tropas golpistas chegaram em um comboio, apoiado por helicóptero, e começaram a disparar desde um dos inúmeros tanques. Dezenas de moradores também foram presos e sequestrados durante a ação.

Entre os inúmeros relatos sobre o crime está o dado ao jornal Página 12 por Eulogio Vásquez. Ao ser informado de que seu filho Rudy se encontrava numa clínica de atenção primária – na qual teve dificuldade de entrar devido ao número de feridos amontoados – sentiu que era preciso ser levado a um hospital para salvar sua vida. “Mas não tinha carro, nem gasolina”, relatou.

Neste momento chegou uma ambulância avisando que somente poderiam levar duas pessoas. Teve a sorte de poder acompanhar seu filho até o hospital Holandês. “Não curaram nada, simplesmente lavaram a ferida. Não tinham equipe de tomografia, que somente pôde ser feita na clínica Villa Dolores. Também não tinha dinheiro, pois uma tomografia custava 4.500 bolivianos e eu tinha 30”, recordou.

Desesperado, o pai se virou como pôde e, com a tomografia embaixo do braço, regressou ao hospital Holandês. “Meu filho já estava agonizando, mordia os dentes. A bala estava no meio do cérebro, porém não tinham equipamento para esta operação. Mais tarde o levam ao hospital Geral, onde me disseram que não iam poder salvar sua vida. Disseram que operando ou não, de toda forma iria falecer. Perguntei se não poderia levá-lo a um hospital privado. Porém um privado custava entre mil e três mil bolivianos por dia, só o leito, sem os medicamentos. As duas da manhã ele faleceu”. Eulogio secou as lágrimas com um pano e desabafou: “Já não tenho meu filho, agora somente me restam as dívidas com o banco”.

A título de “ajuda humanitária” serão pagos aos familiares das dez vítimas fatais 100 mil bolivianos (60 mil reais), enquanto as 65 feridas receberão até 50 mil bolivianos (30 mil reais), em função da gravidade das lesões. Também ficou acertado um “apoio educativo”. Entre os uniformizados não houve mortos nem feridos.

O banho de sangue foi perpetrado, segundo os golpistas, porque a sede do governo em La Paz – a 40 quilômetros -, “já estava sem gasolina e diesel há três dias” e era preciso afastar os “terroristas” do Movimento Ao Socialismo (MAS), abrindo passo aos caminhões para a retirada do cada vez mais precioso e escasso material.

De acordo com o representante de Direitos Humanos de El Alto, David Inca, devido aos inúmeros atos de protesto – como o que reuniu meio milhão de pessoas na marcha de El Alto a La Paz -, o governo Áñez não poderá utilizar o termo “indenização” ou “pagamento único”, já que os valores são baixos, ficando explícito que haverá desdobramentos futuros.

Uma das principais exigências do movimento humanitário de Senkata foi a anulação do parágrafo II do artigo 4 do Decreto Supremo 4100, que indicava que “os familiares das pessoas falecidas e feridas terão por reparado seu direito ante qualquer instância internacional, uma vez feita a indenização e o ressarcimento”.

Este ponto também foi observado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que advertiu que uma indenização e serviços de saúde “não pode juridicamente fechar nem obstruir o acesso das vítimas ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos”.

Conforme os manifestantes que defendiam a unidade da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), empresa nacionalizada pelo governo de Evo Morales, as tropas golpistas chegaram em um comboio, apoiado por helicóptero, e começaram a disparar desde um dos inúmeros tanques. Dezenas de moradores também foram presos e sequestrados durante a ação.

Entre os inúmeros relatos sobre o crime está o dado ao jornal Página 12 por Eulogio Vásquez. Ao ser informado de que seu filho Rudy se encontrava numa clínica de atenção primária – na qual teve dificuldade de entrar devido ao número de feridos amontoados – sentiu que era preciso ser levado a um hospital para salvar sua vida. “Mas não tinha carro, nem gasolina”, relatou.

Neste momento chegou uma ambulância avisando que somente poderiam levar duas pessoas. Teve a sorte de poder acompanhar seu filho até o hospital Holandês. “Não curaram nada, simplesmente lavaram a ferida. Não tinham equipe de tomografia, que somente pôde ser feita na clínica Villa Dolores. Também não tinha dinheiro, pois uma tomografia custava 4.500 bolivianos e eu tinha 30”, recordou.

Desesperado, o pai se virou como pôde e, com a tomografia embaixo do braço, regressou ao hospital Holandês. “Meu filho já estava agonizando, mordia os dentes. A bala estava no meio do cérebro, porém não tinham equipamento para esta operação. Mais tarde o levam ao hospital Geral, onde me disseram que não iam poder salvar sua vida. Disseram que operando ou não, de toda forma iria falecer. Perguntei se não poderia levá-lo a um hospital privado. Porém um privado custava entre mil e três mil bolivianos por dia, só o leito, sem os medicamentos. As duas da manhã ele faleceu”. Eulogio secou as lágrimas com um pano e desabafou: “Já não tenho meu filho, agora somente me restam as dívidas com o banco”.