Unidade de hidrotratamento de diesel da Refinaria Landulpho Alves - RLAM

O governo Bolsonaro votou a favor do aumento de 8,5% no valor reservado pela companhia para remunerar seus executivos, nesta quarta-feira (14), em assembleia de acionistas da estatal.

Ao todo, foram reservados R$ 47 milhões para o pagamento de salários dos diretores, benefícios e bônus por desempenho. Conforme previsão, serão pagos R$ 14,1 milhões em salários aos nove diretores da empresa, o que daria uma média de R$ 120 mil por mês, incluindo o 13º salário. O valor total é 2,9% superior ao registrado em 2020.

Quem bateu o martelo para liberar o aumento da remuneração da diretoria da Petrobras foi o próprio governo, detentor da maioria das ações da estatal.

Já para os servidores públicos que estão na linha de frente no combate à pandemia, o governo Bolsonaro congelou os salários, proibiu concursos públicos, tudo em nome do “teto de gastos”.

Em fevereiro, Bolsonaro criticou os altos salários dos diretores da Petrobras, visando fugir de críticas de caminhoneiros, que ameaçavam deflagrar greve por causa da nova disparada no preço do diesel.

“Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana?… Então, tem coisa que não está certa”, disse Bolsonaro na época em que realizou a troca no comando da companhia – substituiu Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna.

Mesmo com a substituição, o governo manteve em pé a política de alinhar os preços dos combustíveis da estatal aos preços internacionais do barril de petróleo e a cotação do dólar, que em 2020 provocou altas de 35% e 28% nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias, respectivamente.

Em 2021, a gasolina já acumula alta de 21,75%; o etanol, alta de 23,77%; o óleo diesel, alta de 17,93%; e o gás de botijão, alta de 11,56%. No início deste mês (5), a direção da Petrobras divulgou que o preço do gás natural para as distribuidoras terá aumento de 39% a partir do dia 1º de maio.

Os acionistas da estatal também aprovaram a distribuição de R$ 10,3 bilhões em dividendos pelo lucro de R$ 7,1 bilhões registrado em 2020.

O pagamento chegou a ser suspenso na manhã de quarta, diante de uma decisão judicial, em caráter liminar, que questionava na Justiça e junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) a mudança no plano de saúde dos trabalhadores da empresa. No entanto, a diretoria da Petrobras conseguiu reverter a decisão antes da assembleia.

A diretoria executiva decidiu terceirizar a operação do plano de saúde, mudança que levou a empresa a reverter R$ 13,1 bilhões em provisões para gastos futuros com o benefício, o que a ajudou a fechar 2020

com lucro. No entanto, a Federação Única dos Petroleiros apontou ilegalidades nas negociações com os novos operadores. A denúncia está sendo investigada pelo Ministério Público Federal.