Dia da abolição da escravidão é agora feriado nacional nos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sancionou nesta quinta-feira (17) a lei que tornou o 19 de junho em feriado nacional. Junção das palavras junho e dezenove em inglês, o “Juneteenth” recorda a liberdade conquistada quando os escravocratas do Sul foram derrotados na “Guerra de Secessão”, com a libertação dos últimos escravos em Galveston, no Estado do Texas. A Proclamação de Emancipação tornando livres “todas as pessoas mantidas como escravas” havia sido sancionada por Abraham Lincoln em 1º de janeiro de 1863.
A sanção de Biden ocorreu um dia após a aprovação pelo Congresso norte-americano e já será comemorada a partir deste ano. A Câmara dos Representantes aprovou a lei por 415 votos a favor e 14 contra. Na véspera, o texto havia sido aprovado por unanimidade no Senado.
“Juneteenth marca tanto a longa e difícil noite de escravidão e subjugação quanto a promessa de uma manhã mais brilhante por vir”, afirmou o presidente norte-americano. Biden destacou que este é “um dia em que nos lembramos da mancha moral, o terrível custo da escravidão ao país e continua a trazer – o que há muito chamo de ‘pecado original da América’ ”.
Por casualidade, foram dois congressistas do Texas, a democrata Sheila Jackson e o republicano John Cornyn, os autores da proposta, em um raro momento de união bipartidária. No ano passado, o texto havia sido bloqueado por um senador republicano.
Diante de uma foto antiga de um homem negro com as costas dilaceradas, Sheila discursou no plenário sobre a “longa jornada” percorrida até o reconhecimento do significado histórico da medida. “Mas aqui estamos hoje, livres para votar pelo ‘Juneteenth’ como feriado nacional da independência, um feriado federal para os Estados Unidos”, comemorou. “Reconhecer e aprender com os erros do passado é essencial para seguirmos em frente”, acrescentou o senador republicano John Cornyn.
O novo feriado nacional foi aprovado após inúmeros casos de racismo e assassinatos nos Estados Unidos, como o recente de George Floyd, que mobilizou o país no ano passado, com repercussão internacional.
Agora, os EUA passam a contar com 11 feriados nacionais anuais, incluindo o Dia de Martin Luther King, Jr., pastor batista negro e um dos maiores defensores de direitos civis no país, assassinado em 4 de abril de 1968, aos 39 anos. Conforme denuncia sua família e várias lideranças da comunidade, o crime contou com um conluio entre setores do governo estadunidense, a máfia e a polícia de Memphis.
Igualmente nome de referência na luta pelos direitos dos afro-americanos, Malcolm X conseguiu mobilizar brancos e negros na conscientização sobre os crimes cometidos pelos racistas. Malcolm X morreu em 21 de fevereiro de 1965, aos 39 anos, com um tiro no peito durante uma palestra em Nova Iorque.