Dia 12: impeachment exige amplitude
A relevância das manifestações deste 12 de setembro convocadas pelo MBL e pelo Vem pra Rua deriva do fato de que uma banda da direita, outrora base de Bolsonaro, saiu às avenidas pregando o Fora Bolsonaro e defendendo a democracia.
Por Adalberto Monteiro*
A luta pelo impeachment que não seja da boca para fora exige que se valorize toda vez que um naco que seja do lado de lá, se despregue e venha engrossar as jornadas das oposições para repelir o golpismo, resguardar a democracia e livrar o país do pesadelo bolsonarista, expelindo Bolsonaro pela arma constitucional do impeachment.
Setores da esquerda amaldiçoaram o 12 que teria sido puxado por gente impura. Quem esgoela pelo impeachment, mas hostiliza quem do outro lado vem apoiá-lo, dá um tiro no próprio pé. Ademais, tais setores fazem de conta que não enxergam que foi o MBL e o Vem pra rua que aderiam às palavras de ordem das oposições e não o oposto.
A extrema-direita arrotou caviar, comparando 7 de setembro com o 12. Bolsonarismo desdenhou, mas tem ciência de que foi um sinal a mais de seu isolamento.
A grande mídia disse que os atos foram esvaziados e tensionados por divisões entre os organizadores. Seria melhor que tivessem arrastado mais gente, mas o que importa para esse “gesto inaugural”, desses setores da direita, é o conteúdo: foram às ruas para combater Bolsonaro. Isso é o fundamental.
Quanto a contenda entre eles, lá também há unidade e luta e faz parte do processo de conversão.
O PCdoB há muito vem atuando para que amadureça um cenário que possibilite a realização de amplos atos cívicos suprapartidários em torno da defesa da democracia e do Fora Bolsonaro. E participou do dia 12, como parte, dessa construção.
Com sua experiência de quase 100 anos, entende que para derrotar a extrema-direita, sobretudo, de matriz fascista, demanda a formação de movimentos de frente ampla que agregue todos e todas que estejam dispostos a lutar para que o Brasil derrote Bolsonaro e, assim, possa percorrer um caminho de reconstrução nacional.
Sobrepor projetos eleitorais, mesmo que necessários e legítimos, em detrimento da convergência de amplas forças políticas, sociais, econômicas à exigência imperativa de defesa da democracia e do impeachment de Bolsonaro é um erro crasso que deve ser evitado.
*Jornalista e poeta. É o secretário nacional de Comunicação do PCdoB