Leftist La France Insoumise (LFI) party member of parliament Eric Coquerel (3L), head of the LFI party Jean-Luc Melenchon (4L) and LFI MP Clementine Autain (6L) stand behind a banner during a "Freedom march" called by several organisations, associations and trade unions to "combat extreme right-wing ideas" on June 12, 2021 in Paris. (Photo by Sameer Al-DOUMY / AFP)

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram nas ruas em toda a França neste sábado (12), protestando contra o que mais de 100 organizações progressistas denunciam ser “ataques contra a liberdade”, perpetrados pela extrema direita além de imposição de leis “liberticidas”.

“Diante da propagação de ideias racistas e sexistas, diante deste clima de ódio, racismo e ataques nas liberdades individuais e coletivas, decidimos coletivamente organizar o primeiro dia nacional de demonstrações e mobilizações contra as ideias de extrema direita”, diz o manifesto convocando as manifestações.

Os protestos da chamada “Marcha da Liberdade” foram a primeira manifestação após um ano e meio de restrições devido à pandemia.

Os organizadores avaliaram em 70 mil o número de participantes em Paris e 150 mil em todo o país. Segundo o próprio governo francês, houve 119 marchas durante o sábado no país, com a participação de socialistas, comunistas, ecologistas e dezenas de sindicatos.

Os manifestantes denunciaram o que apontam ser o fim do Estado Social e dos serviços públicos, já que desde que assumiu, o presidente Emmanuel Macron adotou políticas de austeridade e reformas que afetam direitos dos trabalhadores e dos setores mais vulneráveis da população.

Apesar da posição contrária dos sindicatos e de muitas organizações sociais, o governo adotou uma reforma trabalhista, em setembro do ano passado, que modificou leis para dar maior ‘flexibilidade’ às empresas na demissão e contratação de trabalhadores, ou seja, passou por cima dos direitos conquistados ao longo de anos de luta. Na sequência, empresas públicas – como a companhia ferroviária SNCF – demitiram trabalhadores sem justa causa e sem indenização, e por isso muitos manifestantes enfatizaram a defesa do serviço público.

Muitos participantes portavam cartazes com a frase “Pare Macron”. Um manifesto assinado por dirigentes de diversos sindicatos e de centrais como a Confederação Geral do Trabalho (CGT) afirmou: “Dizemos para parar com todas essas formas de desprezo que apenas alimentam o ódio e o individualismo em nossa sociedade. Viver juntos e compartilhar a riqueza, seja econômica ou cultural, é um projeto que o mundo do trabalho tem o dever de defender.”

Organizações femininas também divulgaram um manifesto em que denunciam a precarização do trabalho das mulheres e cortes no orçamento de políticas públicas voltadas à promoção dos direitos das mulheres. O manifesto cobra a concretização de políticas públicas para a igualdade.

Além de Paris, houve atos em outras cidades francesas, como Toulouse, Bordéus, Lyon, Estrasburgo e Rennes.

O ato parisiense, apesar de que não se caracterizou pela violência, foi marcado por um incidente antes mesmo do inicio da passeata. Jean-Luc Mélenchon, líder do movimento França Insubmissa (La France Insoumise) foi agredido por um homem, que jogou farinha em seu rosto. Ao denunciar um ato “covarde”, que “poderia ter sido pior”, o político denunciou “grande tensão” e “um limiar que foi ultrapassado”. Os manifestantes unidos impediram outras ações de grupos de direita contra a marcha.