Durante evento, Bolsonaro desdenha do luta dos brasileiros

Um dia depois de o Brasil registrar novo recorde no número de mortes pela Covid-19, Jair Bolsonaro minimizou o luto dos brasileiros, voltou a criticar as medidas de isolamento social no país e disse que os problemas precisam ser enfrentados pela população.

Em um evento em Goiás, Bolsonaro afirmou: “Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, declarou Bolsonaro.

Na quarta-feira (3), Brasil registrou o segundo dia consecutivo com elevado número de mortes por Covid-19 em 24 horas: 1.910, segundo painel lançado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). No dia anterior, o país já tinha contabilizado 1.726 mortes em 24 horas. Já são quase 260 mil mortes provocadas pela Covid-19 no Brasil desde o início da pandemia.

Apesar da ausência de um plano de vacinação e do colapso no país, Bolsonaro voltou a criticar o lockdown adotado nas últimas semanas em diversos estados com o intuito de conter o avanço da transmissão do coronavírus. Para o presidente, “lockdown não funciona”.

Deputados do PCdoB repudiaram as declarações de Bolsonaro. Para o deputado Orlando Silva (SP), Bolsonaro é “desumano”.

“Repugnante! São quase 260 mil mortos, estamos chegando em dois mil óbitos diários. A pandemia está em completo descontrole. E o que o presidente da República  tem a dizer aos brasileiros e às famílias de luto? “Chega de frescura e de mi-mi-mi”. Bolsonaro é desumano. É um monstro! Ele é incapaz de ter empatia pelo próximo, acha que 260 mil covas abertas são “frescura e mi-mi-mi”. Para estar descontrolado assim, pode ter certeza: deu ruim nas pesquisas”, afirmou o deputado.

A deputada Alice Portugal (BA) também se manifestou em suas redes sociais e voltou a defender o impeachment de Bolsonaro. “Frescura para Bolsonaro é morrer quase duas mil pessoas em 24 horas? É perder mais de 259 mil vidas? É morrer de fome? Esse senhor não podia estar no cargo que ocupa. Fora!”

“É isso mesmo!? É essa a “sensibilidade” que até os familiares de pessoas mortas pela Covid-19 esperam ouvir de um presidente? Até quando Bolsonaro vai ficar agredindo a memória e o povo brasileiro em si?”, questionou a deputada Professora Marcivânia (AP).

 

Por Christiane Peres

 

(PL)