O Brasil bateu mais um triste recorde nesta terça-feira (23). De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país registrou 3.251 mortes por Covid-19 nas últimas 24h, totalizando 298.676 óbitos. O crescimento vertiginoso das mortes explicita a falta de ação do governo federal, que assumiu postura negacionista desde o início da pandemia.

Sem plano de vacinação efetivo, morosidade na aquisição de imunizantes, colapso na saúde, com falta de vagas nas UTIs e iminência de falta de medicamentos para intubação de pacientes graves de Covid, parlamentares cobraram do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que a Casa votasse apenas matérias relacionadas ao combate à crise sanitária causada pelo novo coronavírus.

Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) é fundamental que o tema seja prioridade absoluta. Em 2020, quando iniciadas as sessões remotas, o acordo entre os líderes partidários estabeleceu a pandemia como prioridade. Apesar de alguns atropelos, o acordo se sobressaiu. No entanto, desde que Lira assumiu a presidência da Câmara temas como reforma administrativa, privatizações e desmonte de direitos voltaram a ganhar destaque na agenda da Casa.

“Estamos diante da maior crise humanitária: quase 300 mil pessoas mortas! Mas isso não está na agenda do presidente da República. É fundamental que nós coloquemos esse tema na agenda definitivamente. Que isso seja prioridade absoluta! Nada é mais importante do que tratar das ações para proteger a vida das pessoas, para proteger direitos sociais, empregos, a nossa economia, o pequeno e microempresário, os municípios, especialmente os pequenos, que não conseguem garantir os serviços mínimos para sua população. Esse deve ser o tema central. A renda emergencial que o governo federal anunciou é uma esmola, não é suficiente. Nós precisamos ampliá-la para voltar a R$ 600”, destacou o parlamentar.

Vice-líder da Minoria, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que o governo Bolsonaro brinca de enfrentar a pandemia.

“O governo federal, através do seu mandatário, um ilusionista, um elemento completamente desqualificado, que jamais deveria ter tido assento onde está, faz chacota com aqueles que estão sofrendo nos hospitais. Tem a ousadia de imitar um paciente com falta de ar. Realmente, a Câmara dos Deputados precisa tomar uma atitude. Parar a pauta de privatização de Correios, da Eletrobras, da PEC 32, que acaba com o serviço público e priorizar a população”, disse.

Segundo Alice, já passou da hora da Câmara instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. “Ele precisa ser criminalizado. O senhor Bolsonaro precisar ser criminalizado, precisa ser detido em relação a esses atos, que infelizmente assacam contra a vida do povo brasileiro. Qual é a nossa obrigação? Parar a pauta, senhor presidente! É necessário parar a pauta e só discutir cronograma de vacinação, compra de vacina e socorro emergencial. Bote para votar o auxílio emergencial de R$ 600”, cobrou a deputada, que ao lado da bancada do PCdoB é autora do PL 463/2021, que restabelece o valor de R$ 600 até o fim da pandemia.

A vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também cobrou posicionamento de Lira. E questionou o que falta para o Parlamento parar o governo Bolsonaro.

“O que falta ao Parlamento brasileiro para tomar as medidas necessárias para, de fato, representar a sociedade brasileira? Nós fomos eleitos para isso. O que é mais importante do que representar a defesa da vida das pessoas? O que falta a este Parlamento para elevar o tom? Este presidente não perde a capacidade de debochar da sociedade brasileira. Precisamos tomar medidas, investigar os crimes de Bolsonaro e fazer o impeachment deste presidente”, afirmou.

Jandira falou ainda sobre a demora na substituição do ministro da Saúde. Desde que anunciou o médico Marcelo Queiroga em substituição a Pazuello, Bolsonaro demorou oito dias para efetivá-lo no cargo.

“Imaginem, num momento como este, termos oito dias entre um ministro que não saiu e um ministro que não entrou. Isso é uma brincadeira com o povo brasileiro. E nós não estamos podendo comprar o kit de intubação porque não há nem compra nem distribuição planejada. Enquanto isso, a indústria espera uma compra planejada e medidas objetivamente concretas para que esses medicamentos e esses materiais cheguem aos hospitais, sejam eles públicos, privados ou filantrópicos. Este é um governo criminoso; genocida, sim. Nós precisamos parar este governo”, destacou Jandira.

 

Por Christiane Peres
(PL)