Luiz Henrique Mandetta abriu fase de depoimentos na CPI da Covid

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, que investiga as ações e omissões do governo federal na crise sanitária, começou quente nesta terça-feira (4), com o depoimento do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, demitido por discordar da interferência do presidente Jair Bolsonaro nas decisões do Ministério da Saúde.

Outro elemento para jogar fogo na fervura é a notícia que o ex-ministro Eduardo Pazuello não comparecerá ao depoimento na quarta (5), alegando suspeita de ter sido novamente contaminado pelo coronavírus.

O início das investigações e os vários caminhos que os senadores terão que percorrer, a fim de desvendar as consequências do negacionismo de Bolsonaro, repercutiu na Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados.

Segundo o líder do partido na Casa, deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE), as informações das testemunhas ajudarão a esclarecer se as decisões do Ministério da Saúde tiveram base técnica ou foram impostas pelo presidente Jair Bolsonaro.

“É urgente apurar o impacto dos erros do governo Bolsonaro na pandemia, que já vitimou mais de 400 mil brasileiros”, afirmou. O parlamentar ressaltou a importância do acesso rápido às vacinas para salvar vidas. “As mortes de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem por Covid-19 despencaram. Entre março e abril, houve redução de 71%, porque os profissionais foram priorizados na vacinação”, observou Renildo Calheiros.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) comentou, em suas redes sociais, sobre o que se espera dos depoimentos dos ministros da Saúde. “Essa promete ser mais uma semana pesada em Brasília. No Planalto, o ar está tão denso que dá para pegar com a colher. O desespero ficou visível no fim de semana”, assinalou.

O deputado avaliou, por exemplo, que Mandetta “tem experiência política e deve aproveitar o espaço para defender suas posições à frente do ministério, atacar Bolsonaro e se mover pensando em 2022″. “Se tiver juízo, a oposição lhe dará espaço, porque a verdade é que Mandetta foi demitido do cargo por seus acertos e não pelos erros. Foi limado porque defendia o isolamento e se recusou a subscrever a cloroquina. Além disso, é preciso frisar, o adversário comum é Bolsonaro”, afirmou Orlando.

Com relação a Nelson Teich, cujo depoimento foi remarcado para esta quarta-feira (5), apontou que pelo pouco tempo que ficou na pasta “contribuirá, se for honesto, sobre a motivação de sua queda: também recusou indicar a cloroquina, obsessão de Bolsonaro”.

Quanto a Pazuello, o parlamentar colocou que sua gestão “é indefensável”.

“Além das centenas de milhares de mortes nas costas, do atraso vexatório das vacinas, da falta de remédios para intubação e etc., tem contra si provas materiais de crimes: casos da falta de oxigênio em Manaus e do kit Covid, pelo menos. Isso, meus amigos, pode sim terminar em cadeia. Ele vai segurar sozinho essa barra que é gostar do presidente? Pode ser que sim, mas até mesmo a falta de dignidade e amor próprio tem limites. Se considerar que está sendo rifado, Pazuello pode descarrilar?”.

Ao avaliar a situação do governo Bolsonaro, Orlando Silva apontou que “é péssima”, “pode ficar terrível se o ex-ministro perder a linha” e que deverá sobrar “para o genocida em chefe”.

Já a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que, temendo os resultados da investigação, o governo tentou engavetar a CPI. “Teve até Senador Cloroquiner defendendo isolamento. A luta é duríssima, mas o Brasil será maior”, assinalou. A parlamentar ironizou o pretexto de Eduardo Pazuello para fugir do depoimento.

“Para passear no shopping sem máscara, Pazuello não tem suspeita ou conhecimento de covid. Já para prestar esclarecimentos sobre a péssima gestão no enfrentamento à pandemia…”, escreveu no Twitter.

Assim como Jandira, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) alertou que a estratégia do governo será tentar impedir o desenvolvimento normal das investigações: “O governo Bolsonaro já montou sua tropa de choque para atrapalhar os trabalhos. Estão desesperados! Impeachment já!”, cobrou.

Para o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), o Senado dá um passo importante na investigação sobre a desastrosa gestão federal na condução da pandemia. “Esperamos que as verdades venham à tona”, disse.

A deputada federal Professora Marcivânia (PCdoB-AP) também usou suas redes sociais para comentar o início dos depoimentos. “Negacionismo e fakes são algumas das tônicas desse governo. E não é por mera ignorância não. É Também estratégia e de caso pensado. É o uso consciente da ignorância e da inverdade como arma política. Vai começar a ficar mais evidente, hoje, com o início dos depoimentos na CPI”, pontuou.

 

 

(PL)