Defensora da cloroquina toma vacina contra Covid e é criticada na web
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, que ficou conhecida como “Capitã cloroquina” por defender tratamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19, tomou a vacina contra a doença causada pelo novo coronavírus.
A médica, de 54 anos, recebeu a vacina da AstraZeneca/Oxford em uma unidade de Saúde do Distrito Federal.
Após ter recebido a primeira dose da imunização, Mayra Pinheiro publicou uma foto nas redes sociais em que aparece sorridente segurando o cartão de vacinação. “Devidamente vacinada contra a Covid-19”, disse ela no post. No cartão consta que a segunda dose da vacina está marcada para dia 5 de setembro.
Vários usuários comentaram a postagem da médica em tom de deboche. “Parou com o tratamento precoce?”, questionou um dos internautas. “Cloroquina pra gente e vacina pra vocês, né?”, ironizou outra usuária. “O chip já tá implantado. Agora só cloroquina para bloquear o acesso chinês”, escreveu um rapaz.
Mais tarde, os comentários críticos foram ocultados e numa postagem seguinte ela deu uma explicação sem graça: “Vacina é prevenção! medicamento é tratamento!”.
“Parece que muita gente ainda não entendeu que para enfrentarmos a COVID-19 precisamos de todos os recursos disponíveis: vacina para prevenir a doença e tratamento para quem adoecer. Simples assim. A escolha é pessoal e intransferível, enquanto vivermos em um país livre e democrático”, escreveu.
Mas para Manaus ela impôs que se usasse a cloroquina nos hospitais e nem quis saber de providenciar oxigênio para tratar os pacientes e evitar a crise que ocasionou centenas de mortes por asfixia. E não há registro de que ela tenha brigado para comprar vacinas.
Em maio, Mayra Pinheiro foi convocada pela CPI da Covid no Senado para depor e reforçou a defesa do “tratamento” precoce — bandeira defendida por Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Questionada se tinha recebido ordens do presidente para falar a favor dos medicamentos, afirmou que não foi orientada por ele, mas defendeu a autonomia dos médicos para prescrever os tratamentos sem eficácia.
Ela também disse que o Brasil não era obrigado a seguir a orientação da OMS, que recomendava que os medicamentos não fossem utilizados para tratar a Covid-19.
“A OMS retirou a orientação desses medicamentos para tratamento da Covid baseada em estudos que foram feitos com qualidade metodológica questionável com o uso da medicação na fase tardia da doença onde todos nós já sabemos que não há benefícios para os pacientes”, alegou durante o depoimento.
No último sábado (12), o Supremo Tribunal Federal autorizou a quebra de sigilo de Mayra Pinheiro e dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).