Cuba: juventude lidera marcha por solidariedade e em apoio à Revolução
Milhares, em sua maioria jovens, marcharam em uma caravana ao longo da avenida que se entende sobre toda a costa norte de Havana, o conhecido Malecón, enquanto em algumas praças eram organizadas feiras universitárias em apoio à revolução e ao governo de Cuba.
Desde cedo da manhã de quinta-feira (5), em bicicletas, carroças puxadas por cavalos, táxis e motocicletas, os jovens avançaram ao longo dos oito quilômetros dessa avenida, de La Chorrera até o parque Plaza 13 de Marzo, levando bandeiras cubanas, buzinando e entoando vivas aos líderes revolucionários e ao Presidente Miguel Díaz-Canel. Muitas pessoas nas calçadas do Malecón acompanharam a passagem da caravana.
“Cuba sim, ianques não”, clamaram os participantes da caravana batizada de Vitória Popular, ao passarem em frente ao prédio da Embaixada dos Estados Unidos. A mobilização “Pela paz, pelo Amor e pela Solidariedade”, convocada pela União de Jovens Comunistas de Cuba (UJC), foi acompanhada por um caminhão com uma tela que transmitia as manifestações em outras regiões.
Juventude Cuba afirma soberania no Malecón e saúda o comandante da Revolução: “Essa rua é de Fidel”
A multidão compareceu a diversos eventos programados na capital cubana – com as medidas de proteção necessárias, como o uso de máscaras e o distanciamento social – para dar seu apoio à revolução e ser um sinal da continuidade do processo revolucionário.
Díaz-Canel participou do evento reunindo-se com jovens representantes de diversos setores, na Universidade de Havana, onde foram discutidos temas específicos da vida política, social e econômica da Ilha. O presidente ressaltou o papel da juventude na recuperação do país, e chamou a articular o trabalho intersetorial em diferentes áreas para alcançar impacto social e melhorar a situação agravada pelo bloqueio dos Estados Unidos.
“Vocês têm tido um papel tremendo na comunidade, não se trata de intervir nesses locais, mas de canalizar e ajudar a transformar a partir das propostas dos moradores. Em tudo isso, devemos sempre respeitar os interesses da comunidade”, assinalou o também primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista.
Em uma feira na Praça da Revolução, lugar que os estudantes frequentavam em noites de encontro quando não existia a Covid-19, 11 faculdades da Universidade de Havana e do Instituto Superior de Relações Internacionais se reuniram para expor seus projetos de extensão universitária e formação profissional. Atos semelhantes foram realizados em outros lugares.
A secretária do Comitê Nacional da UJC, Aylín Álvarez, justificou a manifestação diante da preocupação devido à situação epidemiológica destacando que, embora seja um momento duro e difícil que o país enfrenta, a guerra da mídia e as tentativas de ingerência do estrangeiro não podem ser ignoradas.
A segunda secretária da UJC, Lisara Corona, lembrou a comemoração da vitória popular de 5 de agosto de 1994, o chamado Maleconazo, quando as tentativas de subverter a revolução apoiada pela maioria da população do país, com Fidel Castro à frente, foram derrotadas.
Os ciclistas predominaram na caravana que também repudiou o bloqueio norte-americano (Imagem: Resumen Latino)
As manifestações de rua contra o governo não aconteciam desde 1994 até os últimos 11 e 12 de julho, em um contexto de tensa situação financeira causada pela mistura de sanções econômicas de Washington que sufocam a Ilha junto com a pandemia, fatores que dificultam as possibilidades de tomar medidas mais efetivas contra a crise.
A Suprema Corte de Cuba informou na quinta-feira que 62 pessoas foram julgadas na ilha por infrações cometidas durante as manifestações de 11 e 12 de julho passado.
Joselín Sánchez, magistrado do Supremo Tribunal Popular, afirmou ao jornal Granma que o principal crime presente nesses casos é a “desordem pública”, e que também aparecem outros menos frequentes, como resistência, desacato, instigação ao crime e danos materiais.