O cantor cubano Vicente Feliú deixou marcada uma trajetória de amor e identidade com seu povo.

O violonista, compositor e cantor Vicente Feliú, um dos fundadores do Movimento Nueva Trova Cubana, faleceu na sexta-feira (17) à tarde em Havana, durante um ataque cardíaco fulminante. Morreu aos 74 anos, enquanto ensaiava em cima do palco, momentos antes de uma apresentação no Museu da Música, em Havana, pronto para fazer ecoar o compromisso com a revolução.

Autor da canção “Créeme” [Acredita em mim], entre dezenas de belas músicas, era um poeta sensível, tendo composto para peças de teatro e televisão, e colaborado em programas culturais como assistente de direção. Polivalente, foi consultor de rádio e televisão, roteirista, locutor e diretor musical.

O cantautor nasceu em 11 de novembro de 1947 na capital cubana e aprendeu as artes da música com seu pai. Ao lado de Silvio Rodríguez, Pablo Milanés e Noel Nicola, encabeçou o Movimento Nueva Trova Cubana, formado no final de 1967, que deu visibilidade e marcou uma nova geração de artistas, expressando em canções a nova realidade revolucionária da Ilha.

Cantou o amor, a esperança e a solidariedade, dividindo palco entre outros nomes de expressão com Luis Eduardo Aute (Espanha), León Gieco e Mercedes Sosa (Argentina), Inti Illimani (Chile) e Daniel Viglietti (Uruguai).

Profundamente identificado com a construção do socialismo, lamentou no blog de Silvio Rodriguez a morte do líder Fidel Castro em 25 de novembro de 2016. “Como todos os gigantes, foi querido e odiado. Repartiu pelos quatro pontos cardeais educação, saúde, dignidade, autoestima, vergonha e soberania. Compartilhou o sentimento do povo com muitos povos e amplificou a solidariedade entre os seres humanos. Mudou vários cursos da história e da natureza. Ele pregou e lutou como ninguém pela humanidade e pelo planeta. Guardou para si a satisfação, como soldado da Revolução, de cumprir vários dos mais sagrados deveres”, sublinhou.

Mais recentemente, diante das agressivas tentativas de desestabilização financiadas pelos Estados Unidos, Vicente Feliú defendeu o governo revolucionário e denunciou que os tanques de pensamento norte-americanos montaram “uma excelente e enorme operação de comunicação que busca nem mais nem menos que acabar conosco, por tudo que conquistamos nestes anos, convocando o mundo (que tem votado sistematicamente contra o bloqueio) aos que os acompanham na sua ‘intervenção humanitária’. Tudo isso junto gerou essa crise, da qual sairemos, sem dúvida. E fortalecidos”.

Lealdade e compromisso

“A morte repentina de Vicente Feliú é um golpe muito triste para a alma do país. Ele tocava acordes de ‘La Bayamesa’ quando seu coração parou”, declarou o presidente Miguel Díaz-Canel. “Que a sua profunda lealdade à Revolução sempre nos iluminem. Adeus, caro amigo”, agradeceu.

Ao tomar conhecimento da perda, a diretoria da Casa das Américas manifestou seus sentimentos, lembrando a profunda identidade revolucionária que sempre identificou o cantor com a instituição. “Sou um soldado da Casa, dizia de si mesmo Vicente Feliú. E é verdade, você é nosso companheiro, nosso amigo, nosso irmão. Você sempre estará aqui. Esta será sempre a sua casa. Boa viagem, irmão”.

“Créeme, nos será muito difícil nos acostumar a que não esteja mais entre nós. Créeme, te agradeceremos sempre todos os anos que dedicaste à música, a Cuba. Obrigado Vicente Feliú, por todo. Hoje a música, a pátria perde um de seus melhores filhos”, declarou o Centro Nacional da Música Popular.

Repercutindo sua partida, seu colega argentino Víctor Heredia registrou: “Acaba de falecer um irmão da alma, nosso amado Vicente Feliú. Sinto uma profunda tristeza. Boa viagem, irmãozinho. Da mesma forma, os chilenos de Illapu assinalaram: “Hoje a trova latino-americana vê partir um músico excepcional, de olhar criador, de letra consequente e de compromisso feito canção. Hoje Vicente Feliú passa para a eternidade!!! Tua música e tua marca ficam para sempre!!!”

“Não somente a formação política nos torna conscientes e comprometidos com as causas justas, mas também a arte, a literatura e a música. Por isso vou sentir falta do professor Vicente Feliú”, lamentou o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.