Carlos Fernández de Cossío, diretor-geral da Chancelaria de Cuba no Fórum Empresarial 2021.

O governo cubano denunciou na última quarta-feira (1º) o bloqueio ilegal de Washington como o principal obstáculo ao desenvolvimento da ilha caribenha, e alertou para as carências e sofrimentos impostos, em aberta afronta à legislação internacional, à sua população.

Conforme alertou Carlos Fernández de Cossío, diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores de Cuba encarregado pelos Estados Unidos, um bloqueio como o imposto teria um altíssimo custo para a economia de qualquer país, mas hoje é ainda mais daninho porque as sanções vêm se agravando a cada dia. São medidas unilaterais, desumanas e cruéis, que violam as normas e o direito internacional, assinalou. Somente no ano passado as perdas são avaliadas em US$ 5,6 bilhões.

Durante a realização da segunda edição do Fórum Empresarial Cuba 2021, que visa potencializar a promoção do comércio e dos investimentos na ilha, Fernández de Cossío apontou que o impacto do bloqueio estadunidense também tem sido extraterritorial. Ele assinalou que tamanho cerco econômico, financeiro e comercial da Casa Branca afetou a nação antilhana em termos de aquisição de tecnologia, matérias-primas, insumos necessários à indústria e muito mais.

No contexto da pandemia, condenou Cossío, o governo dos EUA identificou o coronavírus como um aliado que lhe permitiu causar ainda maiores prejuízos à economia cubana, que se viu diante de inúmeras complexidades para obter suprimentos médicos e para a indústria farmacêutica no desenvolvimento de vacinas, medicamentos e outras necessidades. “Isso só pôde ser enfrentado por um país como o nosso, com um sistema socialista integrado e com uma longa experiência de enfrentamento de uma guerra econômica tão sustentada”, acrescentou. Nestas circunstâncias é que se precisa de um comércio exterior expandido e diversificado, frisou.

Além disso, recordou Cossío, com o bloqueio está proibido para nós o maior mercado do mundo, além de tecnologias com produtos que só são produzidos ali. E mais: Cuba não pode exportar nenhum produto a nenhum país que posteriormente terá como mercado os Estados Unidos.

No setor financeiro – explicou – Cuba está afetada pela proibição do uso do dólar em qualquer das transações, portanto deve incorrer em gastos extraordinários de câmbio e conversão de moeda para realizar operações comerciais de pagamento.

“As entidades financeiras que operam conosco são perseguidas, ameaçadas e sancionadas, o que torna o acesso ao crédito, a capacidade de pagamento e cobrança de serviços ou exportação muito onerosos para o país”, afirmou.

Somam-se à lista as medidas impostas durante o governo de Donal Trump, como o transporte marítimo, o turismo e, mais recentemente, o abastecimento de combustíveis.

No entanto, apesar das limitações do bloqueio, demarcou, “conseguimos atrair e garantir o investimento estrangeiro para a ilha”. Mas o fato, esclareceu Cossío, é que os estadunidenses não têm liberdade para comercializar com Cuba ou estabelecer negócios devido às proibições que o governo impõe a seus cidadãos em detrimento de seus interesses.

Os danos humanos, o sofrimento e as privações causadas às famílias cubanas pelo bloqueio norte-americano são incalculáveis. As autoridades da ilha especificam que as pressões de Washington à maior das Antilhas, durante seis décadas, equivalem, com tendência para o aumento, a perdas superiores a US$ 147,8 bilhões.