Adilson Araújo, presidente da CTB.

Em nota divulgada na quarta-feira (17), o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Adilson Araújo, denunciou que o verdadeiro intuito da proposta de reforma da Previdência é retirar direito dos trabalhadores e será ainda mais cruel com os mais pobres.
“Com a idade mínima (fixada em 65 anos para homens e 62 para mulheres), o aumento do tempo mínimo de contribuição e as novas regras para o cálculo do benefício a malfadada reforma vai exigir o aumento do tempo de trabalho para ter direito à aposentadoria e reduzir o valor dos benefícios para o conjunto da classe trabalhadora”.
Adilson cita o estudo de Denise Gentil (UFRJ) e Claudio Puty (UFPA) feito para a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (ANFIP) que explica que “os cidadãos que só conseguem se aposentar hoje por idade são trabalhadores precários que estão longe de alcançar o tempo de contribuição exigido nas novas regras: 56,6% dos homens e 74,82% das mulheres não alcançam. Em média os homens só conseguem contribuir 5,1 vezes por ano, e as mulheres 4,7 vezes, segundo estudo ”.
O líder sindical denuncia que, ao contrário do que diz o governo e os defensores da reforma, “a emenda constitucional descarrega sobre as costas dos mais pobres o custo das mudanças, que devem subtrair do sistema previdenciário público em torno de R$ 1 trilhão no prazo de 10 anos.”, disse Adilson.
“Mais de 90% da economia pretendida virá do bolso de trabalhadores e trabalhadoras compreendidos no Regime Geral de Previdência Social (RGPS), onde o valor médio das aposentadorias não chega a R$ 1,4 mil, e dos pobres dependentes da assistência social.”, continua.
Além disso o falso argumento de que com a reforma da previdência se retomará a criação de empregos no Brasil é um argumento que já foi usado na discussão da reforma trabalhista e do projeto de regulamentação da terceirização e na prática “foram acompanhadas de mais desemprego e precarização das relações entre capital e trabalho. Do mesmo modo, a redução do valor das aposentadorias vai provocar uma redução do consumo das massas, deprimindo ainda mais o mercado interno e alimentando a recessão”, diz Araújo.
“É um exercício de hipocrisia falar em privilégios, que no Brasil são uma exclusividade dos segmentos mais altos da burguesia, de banqueiros, rentistas, grandes fazendeiros”.
Enquanto o governo da extrema direita diz que o país não possui recursos para garantir uma aposentadoria digna ao povo, contradiz seu “o discurso moralista da ‘nova política’”. “Bolsonaro liberou R$ 4,3 bilhões em emendas parlamentares desde fevereiro, comprando lealdades e votos de deputados hesitantes no mais cínico estilo do toma lá dá cá. Somente nos primeiros cinco dias de julho foram R$ 2,55 bilhões”, criticou.
“A propaganda massiva nos meios de comunicação monopolizados por meia dúzia de ricas famílias anestesiou a consciência de parte significativa do povo brasileiro […] É provável que muitos trabalhadores e trabalhadoras só percebam a dimensão do retrocesso imposto pela reforma, que abre o caminho à privatização do sistema, quando forem atrás do direito no INSS.”
“A Direção Nacional da CTB orienta os sindicatos e a militância a intensificar o trabalho de conscientização e mobilização das bases, abordando pessoalmente os trabalhadores e trabalhadoras para revelar as perdas decorrentes da reforma, combatendo e desmascarando os falsos argumentos do governo e da mídia, convocando assembleias e promovendo amplos debates sobre o tema, combinado à coleta de assinaturas para o abaixo assinado contra a reforma de Bolsonaro, à pressão dos parlamentares nos estados e municípios onde atuam e à participação nas manifestações convocadas pelas centrais e movimentos sociais. É nas batalhas políticas que o povo conquista vitórias e previne o retrocesso”, conclui o presidente da Central.