Crítica do Brasil a atitude de Israel explicita nova postura internacional
Pouco a pouco, o governo Lula vai imprimindo sua marca, consolidando posição oposta à adotada pela gestão bolsonarista. Já nesta quinta-feira (5), representantes do novo governo participaram, pela primeira vez, de reunião do Conselho de Segurança da ONU. Na ocasião, o Itamaraty criticou a visita do novo ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, ao complexo Al-Masjid em Jerusalém Oriental, local sagrado para muçulmanos.
A reunião foi convocada às pressas após a ida do ultradireitista ao local na terça-feira (3), atitude interpretada como provocação e condenada por vários países, inclusive os Estados Unidos, histórico aliado de Israel.
O posicionamento do Itamaraty mostrou a mudança de eixo nas relações internacionais com a volta de Lula à presidência. Sob Bolsonaro, o Brasil teve seu papel relegado a uma posição vexatória.
Nota do novo Ministério das Relações Internacionais sobre a postura adotada na reunião apontou que o Brasil acompanhou “com grande preocupação” a incursão do ministro israelense na Esplanada das Mesquitas.
O comunicado diz ainda que “à luz do direito internacional e tendo presente o status quo histórico de Jerusalém, o governo brasileiro considera fundamental o respeito aos arranjos estabelecidos pela Custodia Hachemita da Terra Santa, responsável pela administração dos lugares sagrados muçulmanos em Jerusalém, tal como previsto nos acordos de paz entre Israel e a Jordânia, em 1994”.
O Itamaraty concluiu salientando: “ações que, por sua própria natureza, incitam à alteração do status de lugares sagrados em Jerusalém constituem violação do dever de zelar pelo entendimento mútuo, pela tolerância e pela paz”.
Ao mesmo tempo, a delegação do Brasil — que ocupa um assento rotativo no Conselho, para um mandato de dois anos — disse que o país está “profundamente comprometido”, buscando o diálogo entre as partes para que haja uma “solução justa” para os conflitos envolvendo Israel e Palestina.
Segundo informou o jornalista Jamil Chade, do UOL, “o Brasil ainda pediu que ambos os lados evitem ações unilaterais e discursos de ódio que possam ampliar a tensão” e reafirmou “compromisso com uma solução de dois estados viáveis na região”, cabendo ao Conselho de Segurança da ONU também “assumir um papel para buscar a estabilidade na região”.
Com agências