Cristina Kirchner repele campanha negacionista na Argentina
A vice-presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, fez um apelo a setores da oposição para deixar os temas da Covid-19 e das vacinas fora das disputas políticas, assinalando a necessidade de se chegar a um acordo básico e contribuir para evitar os contágios rechaçando o negacionismo. “Não devemos buscar divisões ou atrapalhar o outro” no quadro da pandemia porque “essa é a pior coisa que pode acontecer à sociedade”, disse, acompanhada pelo governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, durante a inauguração do Hospital Infantil da cidade de La Plata
O país vive um agravamento dos contágios apresentando mais de 4,1 milhões de casos e 85 mil mortes.
“Em nome de tantas pessoas que não se vacinaram por medo, que se foram e suas famílias estão de luto por elas, e em nome dos profissionais de saúde”, Cristina exortou a que, “a palavra dos médicos e da ciência não seja questionada” em relação ao que tem sido feito no combate à Covid 19.
Assim, referiu-se à campanha dirigida pelo jornal Clarín, seguida por setores que desde o início da pandemia no ano passado apoiam o negacionismo, acusando o governo de Alberto Fernández de ditadura pelas medidas com que conseguiu conter os contágios através da quarentena.
O Grupo Clarín, maior conglomerado de mídia da Argentina, incitou a desobedecer as duras medidas de isolamento dos primeiros tempos da pandemia. O confronto foi permanente e, violando todas as regras, os seguidores do partido Alianza Cambiemos, de oposição ao atual governo, saíram às ruas em grupos que primeiro negaram o vírus, depois se engajaram em uma guerra de baixo nível contra a vacina Sputnik V, a primeira que o governo negociou, e também contra a chinesa desenvolvida pelo laboratório Sinopharm.
Cristina constatou que as atitudes que a oposição vem tomando, como divulgar que as vacinas geravam mais problemas que soluções ou questionar a eficácia dos imunizantes russos e chineses, por exemplo, “geram muitos danos e preocupação e parece que o seu único objetivo é intimidar a população”.
A vice-presidente afirmou que “a Argentina tem uma grande tradição de vacinação e as pessoas sabem da importância dela. Mas, por se tratar de uma vacina muito nova, é preciso transmitir tranquilidade à população. Devemos nos acalmar um pouco e vamos discutir tudo, mas não vamos mexer negativamente com a saúde”.
Quando assumiu, o atual governo argentino encontrou o Ministério da Saúde rebaixado, convertido em Secretaria pela administração de Mauricio Macri, com verbas reduzidas, hospitais públicos abandonados e vários que estavam sendo construídos foram deixados inacabados em diferentes partes do país.