Em São Paulo, devido ao grande número de mortos, enterros também estão sendo realizados à noite

O Brasil registrou nesta quarta-feira (31) o segundo dia consecutivo de recorde de mortes por Covid-19. Em apenas 24 horas, foram contabilizadas 3.869 mortes associadas à doença, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).

O recorde de mortes acontece no último dia do pior mês registrado na pandemia no Brasil, o mês de março de 2021 fechou hoje com um saldo de mortos duas vezes maior do que o registrado no pior mês de 2020. Foram mais de 66 mil óbitos durante os 31 dias do mês. Até então o recorde era de julho, com mais de 32 mil mortes, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Só neste mês, foram registradas 66.573 mortes, contra 32.912 do mês de julho, considerado o pico da primeira onda. Antes mesmo de acabar, março já havia superado esse patamar no dia 19.

Após julho, as mortes começaram a cair, até atingir um pouco mais de 13 mil em novembro. Porém, com o início dos feriados de verão e fim de ano, os números voltaram a crescer e explodiram em março com o advento da nova onda da pandemia.

O Brasil bateu vários recordes de novas mortes durante o mês e quase todos os dias registraram recordes na média móvel de mortes. Hoje, a média móvel ficou em 2.971 mortes, novamente a maior da pandemia.

Além disso, pela primeira vez, o país apresentou tendência de aceleração na média móvel durante todos os 31 dias do mês. Este é o período mais longo que o Brasil mantém o indicador.

Todos os estados, com exceção do Amazonas (que viveu a explosão dos casos em janeiro), apresentaram tendência de aceleração durante este mês. Entre os dias 8 e 28 de março, o Brasil teve consecutiva e diariamente 20 das 27 unidades da federação apresentando alta.

Em números absolutos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais infecções e mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 30,4 milhões de casos e mais de 551 mil óbitos.

Ao todo, mais de 128,6 milhões de pessoas já contraíram oficialmente o coronavírus no mundo, e 2,8 milhões de pacientes morreram.

A situação do país para o próximo período ainda é alarmante. Especialistas alertam que o mês de abril também terá um alto índice de mortalidade do coronavírus.

Para a pneumologista Margareth Dalcomo, diretora da Fiocruz, “infelizmente teremos o abril mais triste de nossas vidas”. “Nos entristece internar pessoas muito mais jovens como estamos fazendo agora”, disse Dalcomo, que alertou ainda para o risco do país atingir 5 mil mortes diárias em decorrência da Covid-19.

“É o pior momento, com o maior número de óbitos e maior número de casos. O que indica que o mês de abril ainda vai ser muito ruim”, comentou, por sua vez, a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

O boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado na terça-feira (30), 24 Estados e o Distrito Federal mantêm a taxa de ocupação de leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19 acima de 80%. Entre esses, 17 Estados e o DF possuem taxa acima dos 90%, indicando a continuidade da pressão causada pela doença sobre o sistema de saúde nacional.

Em novo recorde de letalidade, discurso contra governadores

Nesta quarta-feira, Bolsonaro voltou a comparar as medidas de restrições tomadas por governadores e prefeitos para impedir o avanço da pandemia, com o estado de sítio, mecanismo extremo que só pode ser adotado pelo chefe da nação em caso de comoção grave ou guerra.

“Essa política desses isolamentos, dessas medidas restritivas, com toque de recolher, com supressão do direito de ir e vir extrapola em muito até mesmo o estado de sítio. Eu apelo a todas as autoridades do Brasil que revejam essa política e permitam que o povo vá trabalhar”, disse, Bolsonaro logo após a reunião com o recém formado comitê de crise, junto ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.