Testes com a Covaxin tiveram a participação de 28.500 voluntários

A primeira vacina totalmente nacional produzida na Índia contra o coronavírus, a Covaxin, demonstrou eficácia clínica de 81% na fase três dos testes. O anúncio foi feito na quarta-feira (3) pela empresa desenvolvedora da vacina, a Bharat Biotec.

“Dados de 25.800 participantes, [que] receberam vacina ou placebo em uma proporção de um para um, mostraram que a vacina foi bem tolerada. A Covaxin demonstrou eficácia de 81% na prevenção da COVID-19 naqueles sem infecção prévia após a segunda dose”, diz o comunicado.

Os estudos da fase três do imunizante envolveram participantes com idades entre 18 e 98 anos, incluindo 2.433 com mais de 60 anos e 4.500 com comorbidades.

A candidata a vacina, que já recebeu autorização para uso emergencial na Índia, usa a tecnologia de vírus inativado. Segundo o estudo, a vacina foi bem tolerada em todos os grupos de dosagem sem eventos adversos graves.

Segundo os fabricantes, o laboratório possui capacidade instalada de produção de 300 milhões de doses anuais.

Entre as vantagens do imunizante está a conservação, já que pode ser armazenada em temperaturas que variam de 2ºC a 8ºC. Além disso, de acordo com a Bharat Biotech, a vacina se mostrou eficaz em testes contra a nova variante britânica do vírus.

No final de fevereiro, o governo brasileiro anunciou a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin. A empresa indiana ainda aguarda autorização da Anvisa para realizar estudos da fase três no Brasil. Na segunda-feira (1º), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizou uma inspeção na fábrica da empresa Bharat Biotech para verificar os requisitos técnicos das boas práticas de fabricação do imunizante.

O imunologista Eduardo Nolasco informou que a vacina indiana utiliza o vírus inativado, como a Coronavac, mas ainda possui o acréscimo de uma importante molécula protetora contra o vírus.

“Acrescentaram na vacina uma molécula que faz com que a resposta de linfócitos T seja aumentada. É o que se chama de resposta celular. É basicamente a formulação dela que difere da Coronavac, principalmente por conta desse indutor da resposta de linfócitos T”, explicou.

“Isso é muito importante porque já foi avaliado que a nossa principal resposta de defesa à Covid-19 é de linfócitos T, então eles acrescentaram essa molécula que vai aumentar a produção dessa resposta, que é importante e protetora, talvez até mais do que a própria produção de anticorpos”, completou.

O imunologista acrescentou que a Índia já responde por mais de 60% de produção de vacinas no mundo. “A Bharat Biotech participa ativamente dessa produção. Possui inúmeras vacinas conhecidas, como as vacinas contra raiva, coqueluche, mas talvez a mais famosa seja a Rotavac, que é uma vacina contra o rotavírus, que provoca bastante mortes nos países em desenvolvimento”, disse.