Foto: Bruno Veiga/Agência Petrobrás

O governo Bolsonaro entregou a Liquigás, subsidiária 100% da Petrobrás, distribuidora do gás liquefeito de petróleo (GLP), para o grupo formado por Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás Butano, que passa a deter 50% do mercado nacional de gás de cozinha.
O contrato de venda da Liquigás Distribuidora S.A. por R$ 3,7 bilhões foi assinado na terça-feira (19/11), informou em nota a Petrobrás.
A Itaúsa irá investir aproximadamente R$ 1,4 bilhão na Copagaz, passando a deter 49% do capital social da companhia.
A Liquigás atua no engarrafamento, distribuição e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP) no Brasil. Está presente em quase todos os estados brasileiros, e conta com 23 centros operativos, 19 depósitos, uma base de armazenagem e carregamento rodoferroviário e uma rede de aproximadamente 4.800 revendedores autorizados, tendo cerca de 21,4% de participação de mercado, segundo a Petrobrás.
Com a aquisição pelo grupo privado de todo esse patrimônio, a Copagaz – que teve a ajuda “relevante” da holding controladora do Itaú Unibanco – aumenta sua fatia no mercado de gás de 9% para 27% e a Nacional Gás de 18% para 23%. Somados aos 23% da Ultragaz e aos 20% da Supergasbras, são 93% do mercado de gás nas mãos de apenas quatro empresas privadas que vão determinar o preço do gás de cozinha no país, seja para residência, comércio, condomínio, indústria ou agronegócio.
“A Liquigás tem o potencial de frear a formação de cartéis no setor de distribuição de GLP em benefício da população: apenas 23% do preço do botijão pago pelo consumidor é apropriado pela Petrobrás (holding) na produção de GLP. Entre revenda e distribuição são alocados 58% do preço final. Uma vez que a Liquigás está presente em 23 estados brasileiros (exceto Amazonas, Acre e Roraima), cobrindo 83% dos municípios do país, sob o controle da Petrobrás e sendo líder no segmento de venda de botijões, a empresa tem importante papel no atendimento da população das periferias das capitais onde a rede canalizada estadual não chega, protegendo os consumidores da formação de cartéis de outras distribuidoras”, manifestou a Associação dos Engenheiros da Petrobrás, através de voto, em assembleia dos acionistas, contra a privatização da Liquigás em 2017.
A conclusão da venda para a Copagaz/Itaúsa depende do aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que no início do ano passado vetou a tentativa do governo Temer de vender a subsidiária da Petrobrás para a Ultragaz por R$ 2,8 bilhões, após ação da Aepet.